Mateus 18 – 21 a 22 - Naquele tempo, Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou:
"Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?"
Jesus respondeu: "Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.."
"Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?"
Jesus respondeu: "Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.."
Na caminhada são muitas às vezes em que nos decepcionamos com alguns semelhantes que nos cercam. No relacionamento do dia a dia algumas circunstâncias nos remetem a atritos impensados que acabam por gerar palavras mal ditas ou o cometimento de ações que nos levam ao ódio, e assim por não suportarmos mais ficar próximo, acabamos por nos afastar e excluímos de nosso convívio aqueles que antes faziam parte do círculo de amizade e não há mais cumplicidade nem confiança.
Sem perceber acabamos por alimentar nosso coração com o veneno da raiva e fechamos as portas ao perdão. Quando não aceitamos perdoar acabamos por nos esquecer que a falta do perdão irá resultar em inúmeras transgressões as leis de Deus.
Isso acontece em todas as camadas da sociedade: em casa, no trabalho, na escola, na rua, na igreja e até mesmo nas reuniões. Em muitos casos as pessoas ficam anos sem se falar uma com a outra. São pais e filhos, parentes e vizinhos, amigos que outrora eram inseparáveis, agora se tornaram desconhecidos e não há como se reconciliar, mas lamentavelmente acontece também entre Confrades e Consócias.
No cotidiano aprendemos na escola da vida que seres humanos são seres humanos, imperfeitos e fracos na fé, mas também na escola cristã através da Carta de São Paulo aos Corintios 1, 9-10 aprendemos: Pois o nosso conhecimento é imperfeito e também imperfeita é a nossa profecia. Mas, quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá.
Neste artigo propomos uma reflexão sobre alguns casos que ainda acontecem aqui dentro da nossa realidade vicentina. Isso mesmo, no seio de nossa SSVP, onde a palavra de Deus é constantemente pregada sejam nas reuniões, retiros, encontros e manhãs de Louvor. Na SSVP apesar de estarmos sempre sendo alimentados pela espiritualidade ainda existe coração duro que foge e não permite que o perdão se estabeleça. É triste observar que ainda temos casos de Confrades e Consócias que não se falam por ter tido alguma discordância sobre certos assuntos administrativos. Isso acontece com muita freqüência e o que poderia ser apenas uma simples discussão interna que, diga-se de passagem, é compreensível e normal em muitos casos, passa a ser tratada como questão pessoal e sem uma avaliação espiritual mais detalhada permitem que a desavença se instaure na relação sem direito a reconciliação e a regeneração e o perdão que deveria ser natural devido aos princípios da formação vicentina não acontece.
A vocação vicentina nos fez experimentar o perdão doado graciosamente por Deus e na condição de seguidores de São Vicente de Paulo e Ozanam fomos chamados á prática incondicional desse perdão. Como membros efetivos de uma organização caritativa cujo um de seus principais objetivos é a santificação pessoal, é imprescindível que tenhamos um espírito de generosidade e misericórdia entre nós para sermos agraciados com virtude do perdão para consumarmos de fato a nossa santificação pessoal cumprindo o mais importante motivo que nos fizeram ser vicentinos.
Refletindo algumas passagens do Evangelho Jesus nos ensinou que a experiência do perdão de Deus leva-nos a perdoar aos irmãos. Aprendemos também que o nosso comportamento com os outros deve refletir o modo como Deus se comporta conosco. O que Ele fez por nós ensina-nos o que havemos de fazer pelos outros. Jesus ainda insiste conosco dizendo: "Ama o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22, 39; Gl 5, 14), "como Eu vos amei" (Jo 15, 12), "como amo o Pai" (Jo 14, 31) … O mesmo Jesus nos ensina a rezar: "perdoa as nossas ofensas, como nós perdoamos a quem nos tem ofendido" (Mt 6, 12). Jesus não ensina que o preço para sermos perdoados é perdoar, que esse perdão é a única coisa a fazer para sermos perdoados, ou que, uma vez que perdoamos, temos direito ao perdão. O perdão de Deus não é simples eco do nosso espírito de perdão. Pelo contrário: o pensamento da grandeza do perdão de Deus deve sensibilizar o nosso coração, para agirmos de modo semelhante, e sabermos perdoar aos nossos irmãos.
Aqui na SSVP as nossas relações fraternas devem ser marcadas pelo amor, pela confiança e pela estima. Se todos nós vicentinos tratarmos uns aos outros com consideração e confiança, o amor jamais há de faltar sob a forma de tolerância do irmão, de aceitação, de compreensão, de misericórdia e de perdão: na comunhão fraterna, mesmo para além dos conflitos, e no perdão recíproco, queremos e devemos mostrar a fraternidade. Isso é ser Vicentino!
Precisamos nos conscientizar que somos imagem e semelhança de Deus. Para a prática da caridade é preciso inundar o nosso coração de amor, paciência, autocontrole e domínio de si, e aprender a perdoar, mas perdoar de verdade, de coração e não só da boca pra fora. E lembrar sempre que somos todos irmãos diante de Deus, e se somos irmãos, somos filhos do mesmo Pai. Pensemos nisso e abracemos o nosso irmão hoje mesmo. Nossa prece diária deverá ser: Que sejamos dignos de recitar a Oração que o Senhor nos ensinou. Rezemos com amor e dedicação a todos aqueles que foram instrumentos de mágoas e empecilhos de recomeço e regeneração para depois dizer. Amém com honestidade!
Para concluir esta reflexão, nada como lermos Eclesiástico 2 e refletirmos muito sobre a nossa caminhada vicentina. Que saibamos AMAR o próximo de verdade como AMAMOS a nós mesmos.
Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação; 2.humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade, 3.sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça. 4.Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. 5.Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação. 6.Põe tua confiança em Deus e ele te salvará; orienta bem o teu caminho e espera nele. Conserva o temor dele até na velhice.
Louvado Seja o Nosso Senhor Jesus Cristo... Para sempre seja louvado...
Confrade Donizetti Luiz
Conferência Sagrada Família
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