Não tem jeito, pensei em esconder o sentimento que vivi há pouco e a emoção que ainda está me movendo a escrever essas palavras.
Tem um milhão de questionamentos rodando na minha cabeça. Isso é bom
porque enxergamos nessa simples atitude do papa uma carga de significado
muito forte.
Muitas perguntas parecidas fiz quando há dois anos, 2010, escolhi
o Twitter como objeto de estudo para a tese de mestrado em Roma. Na
época, conversava com colegas e professores e muitos me diziam: não
perca tempo com isso, procure um tema mais sério. Esse negócio de redes
sociais é modismo, é passageiro. Não levei muito a sério nas sugestões
dos poucos que não viam resultado no meu objeto de pesquisa e, por isso,
permaneci seguro e motivado pra continuar estudando a atmosfera da
sociedade-rede que se potencializa com os sites de redes sociais
online.
Por isso, nesta manhã, a emoção foi forte porque me fez recordar as
resistências, desafios e, sobretudo, as alegrias por ter mantido o foco
nesse ambiente digital, que, hoje, Bento XVI passa a fazer parte.
O motivo principal que move toda pessoa a viver nas redes sociais
é a 'interação': partilhar com os amigos e com o mundo o que sentimos, o
que pensamos, o que somos. Partilhar nossos sonhos e frustrações,
nossas crenças, nossas lutas, etc. Entramos nessa espaço digital porque
queremos ser "sujeito" da rede humana que teia a nossa terra.
Creio que seja esse o sentimento do Papa: interagir, ouvir, partilhar
mensagens de esperança e fé, mensagens que edificam o Reino de Deus
nesse novo continente afolado de gente.
Afolado porque somente no Brasil já temos quase 90 milhões de pessoas na rede, aproximadamente, 45% da população.
Por isso, nada justifica continuar pensando que a rede é lugar de
poucos privilegiados. E depois, a internet não é mais escrava do
computador, ela não precisa dele. A internet está na palma da nossa mão,
nos nossos celulares. Portanto, todo mundo facilmente pode viver na
rede.
Vamos continuar conversando sobre esse tema porque essa atitude
do papa é apenas a ponta do iceberg da grande mudança que as mídias
sociais estão/irão provocar na comunicação da Igreja e do mundo.
Fonte: Comunicar é Preciso. Padre Talvacy Chaves
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