Cerca de 15 mil catequistas participaram da Santa Missa presidida pelo Papa Francisco por ocasião do Jubileu dos Catequistas
Da redação, com Rádio Vaticano
Neste domingo 25, o Papa Francisco presidiu a celebração Eucarística
pelo Jubileu dos Catequistas que teve início na última sexta-feira, 23, e
prosseguiu no sábado com momentos de reflexão e oração em várias
igrejas romanas. Participaram da Missa cerca de 15 mil catequistas
provenientes de várias partes do mundo.
Em sua homilia, o Pontífice sublinhou que o Apóstolo Paulo dirige a
Timóteo, e a nós também, algumas recomendações. Pede para guardar o
“mandamento íntegro e sem mancha”. Fala apenas de um mandamento a fim de
que o nosso olhar se mantenha fixo no que é essencial para a fé.
Anúncio pascal
“São Paulo não recomenda uma multidão de pontos e aspectos, mas
sublinha o centro da fé. Este centro em torno do qual tudo gira, este
coração pulsante que dá vida a tudo é o anúncio pascal, o primeiro
anúncio: O Senhor Jesus ressuscitou, o Senhor Jesus nos ama e deu a vida
por nós. Ressuscitado e vivo, está ao nosso lado e se interessa por nós
todos os dias. Nunca devemos nos esquecer disso.”
Francisco diz também que neste Jubileu dos Catequistas, é pedido para
não se cansar de colocar em primeiro lugar o anúncio principal da fé: o
Senhor ressuscitou. “Não existem conteúdos mais importantes, nada é
mais firme e atual. Todo conteúdo da fé torna-se perfeito se estiver
ligado a este centro, se for permeado pelo anúncio pascal. Se ficar
isolado, perde sentido e força. Somos chamados continuamente a viver e
anunciar a Boa Nova do amor do Senhor.”
O mandamento de que fala São Paulo faz pensar também no mandamento novo de Jesus: Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei.
“É amando que se anuncia o Deus-Amor: nunca impondo a verdade e nem
obstinando-se em torno de alguma obrigação religiosa ou moral.”
Pessoa viva
“Anuncia-se Deus, encontrando as pessoas, com atenção à sua história e
ao seu caminho. Porque o Senhor não é uma ideia, mas uma Pessoa viva: a
sua mensagem se comunica através do testemunho simples e verdadeiro, da
escuta e acolhimento, da alegria que se irradia. Não se fala bem de
Jesus, quando nos mostramos tristes; nem se transmite a beleza de Deus
limitando-nos a fazer sermões bonitos. O Deus da esperança se anuncia
vivendo no dia a dia o Evangelho da caridade, sem medo de o testemunhar
inclusive com novas formas de anúncio.”
O Papa disse ainda que o Evangelho deste domingo ajuda a compreender o
que significa amar, especialmente a evitar alguns riscos. Na parábola,
há um homem rico que não se dá conta de Lázaro, um pobre que jazia ao
seu portão.
“Na realidade, este rico não faz mal a ninguém, não se diz que é mau;
e todavia tem uma enfermidade pior que a de Lázaro, apesar de este
estar coberto de chagas. Este rico sofre duma forte cegueira, porque não
consegue olhar para além do seu mundo, feito de banquetes e roupas
finas. Não vê além da porta de sua casa, onde jazia Lázaro, porque não
se importa com o que acontece fora. Não vê com os olhos, porque não
sente com o coração. No seu coração, entrou a mundanidade que anestesia a
alma”.
Buraco negro
“A mundanidade é como um buraco negro que engole o bem, que apaga o
amor, que absorve tudo no próprio eu. Então só se veem as aparências e
não nos damos conta dos outros, porque nos tornamos indiferentes a tudo.
Quem sofre desta grave cegueira, assume muitas vezes comportamentos
estrábicos: olha com reverência as pessoas famosas, de alto nível,
admiradas pelo mundo, e afasta o olhar dos inúmeros Lázaros de hoje, dos
pobres e dos doentes, que são os prediletos do Senhor.”
O Santo Padre diz ainda que o Senhor olha para quem é transcurado e
rejeitado pelo mundo e afirma que Lázaro é o único personagem, em todas
as parábolas de Jesus, a ser chamado pelo nome.
“O seu nome significa Deus ajuda. Deus não o esquece, o acolherá no
banquete de seu Reino, juntamente com Abraão, numa comunhão rica de
afetos. Ao contrário, na parábola, o homem rico não tem sequer um nome; a
sua vida cai esquecida, porque quem vive para si mesmo não faz a
história. A insensibilidade de hoje escava abismos intransponíveis para
sempre.”
Pobreza e dignidade
O Papa frisou que “há outro detalhe na parábola: um contraste. A vida
opulenta deste homem sem nome é descrita com ostentação: tudo nele são
carências e direitos, tudo é espalhafatoso. Mesmo na morte, insiste em
ser ajudado e pretende os seus interesses. Ao invés, a pobreza de Lázaro
é expressa com grande dignidade: da sua boca não saem lamentações,
protestos nem palavras de desprezo. É uma válida lição.”
“Como servidores da palavra de Jesus, somos chamados a não ostentar
aparência, nem procurar glória; não podemos sequer ser tristes e
lastimosos. Não sejamos profetas da desgraça, que se comprazem em
lobrigar perigos ou desvios; não sejamos pessoas que vivem
entrincheiradas nos seus ambientes, proferindo juízos amargos sobre a
sociedade, sobre a Igreja, sobre tudo e todos, poluindo o mundo de
negatividade. O ceticismo lamentoso não se coaduna com quem vive
familiarizado com a Palavra de Deus.”
Esperança
Segundo o Papa Francisco, quem anuncia a esperança de Jesus é
portador de alegria e vê longe, porque sabe olhar para além do mal e dos
problemas. Ao mesmo tempo, vê bem de perto, porque está atento ao
próximo e às suas necessidades.
“Hoje o Senhor nos pede isso: diante dos inúmeros Lázaros que vemos,
somos chamados a inquietar-nos, a encontrar formas de os atender e
ajudar, sem delegar sempre a outras pessoas nem dizer: Ajudo você
amanhã. O tempo gasto socorrendo é tempo doado a Jesus, é amor que
permanece: é o nosso tesouro no céu, que nos asseguramos aqui na terra”.
O Santo Padre concluiu a homilia pedindo a Deus para que “nos dê a
força de viver e anunciar o mandamento do amor, vencendo a cegueira da
aparência e as tristezas mundanas. Que Ele nos torne sensíveis aos
pobres, que não são um apêndice do Evangelho, mas página central, sempre
aberta diante de nós”.
FONTE: CANÇÃO NOVA