O tempo da Quaresma evoca duas
imagens que nos ajudam a compreender sua espiritualidade, o caminho que somos
chamados a percorrer. A primeira é a do êxodo, o caminho que o povo hebreu
realizou durante quarenta anos, partindo da terra da escravidão em busca da
terra da liberdade. A segunda é a tentação de Jesus no deserto. Depois de
quarenta dias, Jesus tentado pelo demônio nos ensina que sua força provém de
uma profunda intimidade com o Pai pelo conhecimento da Palavra.
Podemos ver a caminhada do
povo pelo deserto como uma síntese profética da trajetória humana que é chamada
a sair de si mesma,deixar-se conduzir por Deus e enfrentar os desafios do
caminhar para alcançar uma realidade mais digna numa terra onde “jorra leite e
mel”.
A tentação do deserto vivida
por Jesus nos revela aquilo que o homem é chamado a viver: a fidelidade a Deus.
Jesus nos ensina como atravessar o deserto de nossa existência e onde encontrar
forças para enfrentarmos nossas fraquezas e superar a tentação de nos fecharmos
em nós mesmos, em nossas ilusões.
Ao longo da Quaresma a Igreja
nos convida a entrar no deserto com Jesus, enfrentando nossos medos, e seguir os seus passos até a
cruz para “nEle morrer e com Ele ressuscitar”. Deus não nos chama para morrer
no deserto, mas para atravessá-lo confiantes, na certeza de que Ele nos guia e
nos quer participantes de sua vida divina. Mas isto não é possível sem a cruz.
Não há ressurreição cristã sem a cruz. E por sua vez, não há cruz vivida
cristamente que não nos leve à ressurreição, a uma vida nova. Deixemo-nos,
portanto, conduzir por Deus no deserto para além da cruz de seu Filho e nEle
podermos alcançar a vida abundante que
nos prometeu.
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