A Diocese de Santa Luzia de Mossoró-RN completa 80 anos com muitas conquistas para comemorar, pois se configura uma Igreja viva e com uma grande atuação missionária na região oeste do Rio Grande do Norte. A produção do jornal A Luz conversou com o pastor desse rebanho, Dom Mariano Manzana, que falou sobre sua caminhada de dez anos à frente da Diocese, relembrou alguns destaques desse período e antecipou alguns projetos para o futuro.
JA
- Como o senhor avalia seus dez anos de pastoreio, dentro dos 80 anos
da nossa Diocese?
DM
- Nós temos a graça de completar, no dia 18 de novembro deste ano,
os 80 anos da Diocese. A primeira ideia é agradecer a Deus por esse
caminho feito. E não há dúvida que dentro desses 80 anos se
colocam também os últimos 10 anos que vivi aqui com o povo de
Mossoró. Poderíamos dizer que três coisas marcaram esses 10 anos:
a primeira foi a caminhada nas Santas Missões Populares, de 2005 a
2008, com o Segundo Congresso Eucarístico. E foi realmente um modo
para despertar, dentro da nossa Diocese, uma pastoral de conjunto.
Todas as paróquias participaram. Uma capilaridade, porque foram
feitas, ao mesmo tempo, em todos os cantos, nas capelas e também a
co-responsabilidade de muitos leigos, porque foram feitas através
dos missionários leigos. O segundo momento, que eu acredito ter sido
uma continuação das Santas Missões Populares, foi a Visita
Pastoral, que foi preparada em 2009 e se realizou de 2010 a 2013. Foi
um conhecimento da Diocese por parte do Bispo e também um
conhecimento da comunidade sobre seu pastor, sobre seu Bispo. Não há
dúvida de que foi um bom relacionamento com os padres. A convivência
de 8 ou 15 dias com eles ajudou muito. Foi um destaque da importância
das comunidades, já que o Bispo visitou comunidade por comunidade,
desde as mais pequenas. Quis conversar com quem está à frente
e quis realmente conhecer sua história. Foi um resgate da história
das comunidades e deu perspectiva para o futuro. Isso fez com que,
realmente, a Diocese tivesse um olhar do Pastor e também com que a
Diocese encontrasse um caminho, na explicação da pastoral que
estamos implantando, para que as comunidades fossem orientadas para
uma pastoral de conjunto. Terceiro aspecto que eu acho importante foi
a implantação do Seminário Maior, com a formação dos nossos
seminaristas, e o curso de Teologia, que completa a formação não
somente do clero, mas também dos diáconos permanentes, dos
catequistas, das irmãs e que deveria ser a fonte na qual todo mundo
bebe para poder ter orientação, luz e indicação para o trabalho
pastoral.
JA
- Na parte da ação social, o que o senhor destacaria?
DM
- A parte social foi, por exemplo, a revitalização da Cáritas
Diocesana, algumas iniciativas que foram levadas as comunidades como
a Pastoral da Criança, Pastoral da Pessoa Idosa, algumas iniciativas
de três centros para pessoas com dependência química e,
ultimamente, o “Domingo da Solidariedade”, que ajuda as obras da
nossa Diocese. Todas as pastorais são realmente um olhar da
Diocese para as causas sociais.
JA
- A ação pastoral do senhor também dá muita importância para a
atuação dos leigos, além de todo acompanhamento ao clero.
Como fazer para que nossas paróquias sejam mais missionárias?
DM
- Diria que, partindo do Papa Francisco, o que deveria se destacar em
nossa vida de cristão seria essa dimensão missionária. E a Visita
Pastoral e, anteriormente, as Santas Missões sempre foram feitas
visualizando a dimensão missionária também dos leigos. Por isso
que os documentos da Igreja, o mais recente “Comunidade de
Comunidades – o rosto da nova paróquia”, visam fazer de uma
paróquia não um centro ou uma pirâmide, mas um conjunto, uma rede,
uma comunidade de comunidades. Comunidade são pessoas que se
conhecem e se respeitam, que convivem e que unidas buscam a solução
dos próprios problemas. Por isso, a ideia é que, ao redor da
capela, a comunidade se constitua, a partir da liturgia, abrindo pela
catequese a transmissão da fé, enfrentando, sobretudo, os problemas
que a comunidade tem e encontrando também recursos para caminhar,
através da Pastoral do Dízimo e das festas de padroeiro, para se
tornar cada vez mais independente. Por isso, é importante ver e
insistir para que a paróquia se torne essa comunidade de
comunidades. Por isso, a atenção seria para cada comunidade, não
só para a matriz. A matriz é apenas uma das tantas comunidades que
formam a paróquia.
JA
- Daí a importância da atuação do leigo como missionário?
DM
- Claro que o padre só pode ser aquele que é o animador de todas as
comunidades e que está perto quando o povo quer desanimar. Não há
dúvida que a atuação de uma Igreja assim tem como protagonista
importantíssima a figura do leigo (a).
JA
- E quanto ao clero, o senhor também tem um trabalho de qualificação
e de acompanhamento junto aos sacerdotes?
DM
- O Seminário deve ajudar a formar esse pastor, ajudando o rebanho a
caminhar, se colocando como servidor como Jesus. Dentro dessa visão
do respeito ao papel de cada um, o padre deveria ser não o que
concentra todos os carismas, mas aquele que tem o carisma da unidade,
que favorece a participação de todos dentro da paróquia.
JA
- É preciso inovar, buscar novo ardor missionário para que Deus
chegue a mais pessoas. O que o senhor pensa para o futuro da nossa
Diocese?
DM
- Acredito que já estamos encaminhando um novo ciclo de Santas
Missões Populares, que poderia ocupar os próximos cinco anos.
Sobretudo destacando a preparação dos missionários leigos. Nós já
estamos conversando com Padre Luís Mosconi e ele já respondeu
positivamente a essa preparação para fazer com mais calma, já que
da outra vez foi uma semana missionária muito corrida. Mas dessa vez
vai fazer com calma, com a participação de muitos leigos, para
poder visitar todas as famílias de uma paróquia. Essa preparação
dos leigos deveria ser o objetivo da vinda de Mosconi, dos nossos
retiros, sejam diocesanos ou paroquiais, e um grande movimento para
uma presença ativa e missionária dos leigos dentro das Santas
Missões Populares.
JA
- Qual a mensagem para nossa Diocese em seus 80 anos?
DM
- Parabéns pela caminhada até hoje e que Deus abençoe e ajude para
que a Diocese possa sempre ser, no oeste potiguar, uma presença de
Deus, um incentivo, um olhar para a realidade do povo e uma presença
de Cristo em nossa terra.
Fonte:
Edição de novembro do Jornal A LUZ e Blog da Diocese de Santa Luzia de Mossoró
Nenhum comentário:
Postar um comentário