'Eu acho que a gente vive tão mal, que, às vezes, a gente precisa perder as pessoas para descobrir o valor que elas têm. Às vezes, as pessoas precisam morrer para a gente saber a importância que elas tinham, e isso aconteceu uma vez em minha vida.
Eu estava na minha casa, de manhã, quando recebi um telefonema dizendo que minha irmã estava morta. Minha irmã mais nova, cheia de vida... de repente não existe mais.
Fico pensando assim, que, às vezes, o ensinamento mais doido seja esse: quando na vida nós já não temos mais a oportunidade de fazer alguma coisa (o inferno talvez seja isso – a impossibilidade de mudar uma situação). E, quando as pessoas morrem, já não há mais o que dizer, porque mortos não podem perdoar, mortos não podem sorrir, mortos não podem amar, nem, tampouco, ouvir de nós que os amamos.
Eu me lembro que uma semana antes de a minha irmã morrer ela havia me ligado. Foi a última vez que eu falei com ela, e eu me recordo que nesse dia eu estava apressado, com muita coisa para fazer, e fiz questão de desligar o telefone rápido. Sabe quando você fala, mas fala na correria, porque você tem muita coisa para fazer? E foi assim... se eu soubesse que aquela seria a última oportunidade de ver minha irmã, de olhar nos olhos dela, de falar com ela, eu certamente teria esquecido toda pressa, porque quando a vida é assim, e você sabe que é a última oportunidade, você não tem pressa para mais nada. Já não há mais o que eu fazer, e essa é a beleza da última ceia de Jesus.
Não há pressa, o momento é feito para celebrar, a mística da última ceia está ali, Jesus reúnem aqueles que para Ele tinham um valor especial, inclusive o traidor estava lá. E eu descobri isso, com a morte da minha irmã, que eu não tenho o direito de esperar amanhã para dizer que amo, para perdoar, para abraçar, dizer que é importante, que é especial.
O amanhã eu não sei se existe, mas o agora eu sei que existe, e, às vezes, na vida, nos perdemos... Eu me lembro quantas vezes na minha vida de irmão com ela, nós passávamos uma semana sem nos falarmos, porque houve uma briga, uma confusão. A gente se dava ao luxo de passar uma semana sem se falar, e hoje eu não tenho nem mais 5 minutos para conversar com alguém que foi importante que foi parte de mim.
Não espere as pessoas morrerem, irem embora, não espere o definitivo bater em sua porta. Nós não conhecemos a vida e não sabemos o que virá amanhã. Viva como se fosse o último dia de sua história. Se hoje você tivesse que realizar sua última ceia, porque é conhecedor que hoje é o último dia de sua vida, certamente você não teria tempo para pressa. Você celebraria até o fim, e gostaria de ficar ao lado de quem você ama.
Viver o cristianismo é viver a dinâmica da última ceia todos os dias. Viva como se fosse o último dia de sua vida; viva como se fosse a última oportunidade de amar quem você ama, de olhar nos olhos de quem para você é especial.
E depois que minha irmã morreu, um tempo bem passado, eu descobri porque gostava tanto dessa música que vou cantar agora. Ela não fala de um amor que foi embora; o compositor fez para a filha que morreu em um acidente; então, fica muito mais especial cantá-la e descobrir o cristianismo que está no meio das palavras, porque é assim, quando o outro vai embora é que a gente descobre o tamanho do espaço que ele ocupava.
‘Não sei por que você se foi, quantas saudades eu senti, e das tristezas vou viver, e aquele adeus não pude dar... Você marcou a minha vida, Viveu, morreu, na minha história. Chego a ter medo do futuro e da solidão, que em minha porta bate. E eu! Gostava tanto de você. Gostava tanto de você. Eu corro, fujo dessa sombra. Em sonho vejo este passado. E, na parede do meu quarto, ainda está o seu retrato. Não quero ver para não lembrar, pensei até em me mudar... Lugar qualquer que não exista o pensamento em você... Eu gostava tanto de você. Gostava tanto de você.’
Agora o triste da música é que a gente precisa conjugar o verbo no passado, a pessoa já morreu, já não há mais o que fazer. Mas não tem nenhum sofrimento nessa vida que passe por nós sem deixar nenhum ensinamento...
Tem de ensinar, não dá para sofrer em vão. Alguma coisa a gente tem de extrair.
Extraia o sofrimento e descubra o ensinamento. Se ele algum dia me tocou e me deixou algum ensinamento, eu faço questão de partilhá-lo agora. Depois da morte de minha irmã, eu faço questão de viver a vida como se fosse o último dia.
Já que o passado é coisa do inferno, e a gente não está no passado, muito menos no inferno, resta a possibilidade de mudar o verbo, de trazê-lo para o presente e de cantá-lo olhando para as pessoas que são especiais. Quem sabe cantando para ela nesse momento.
Se ela está no seu lado, se você tem algum amigo que mereça ouvir isso de você, alguém que fez a diferença na sua história...
Ao invés de você dizer que gostava, você diz que gosta.
Vamos mudar o verbo! Vamos amar a vida! Vamos amar as pessoas antes que elas vão embora.
E eu... Eu gosto tanto de você... Eu gosto tanto de você.....
“O diabo fica nas esquinas da vida nos mostrando o que não fizemos, ao passo que Deus segura as nossas mãos, e nos mostra o que ainda pode ser feito.”
Padre Fábio de Melo.
Eu estava na minha casa, de manhã, quando recebi um telefonema dizendo que minha irmã estava morta. Minha irmã mais nova, cheia de vida... de repente não existe mais.
Fico pensando assim, que, às vezes, o ensinamento mais doido seja esse: quando na vida nós já não temos mais a oportunidade de fazer alguma coisa (o inferno talvez seja isso – a impossibilidade de mudar uma situação). E, quando as pessoas morrem, já não há mais o que dizer, porque mortos não podem perdoar, mortos não podem sorrir, mortos não podem amar, nem, tampouco, ouvir de nós que os amamos.
Eu me lembro que uma semana antes de a minha irmã morrer ela havia me ligado. Foi a última vez que eu falei com ela, e eu me recordo que nesse dia eu estava apressado, com muita coisa para fazer, e fiz questão de desligar o telefone rápido. Sabe quando você fala, mas fala na correria, porque você tem muita coisa para fazer? E foi assim... se eu soubesse que aquela seria a última oportunidade de ver minha irmã, de olhar nos olhos dela, de falar com ela, eu certamente teria esquecido toda pressa, porque quando a vida é assim, e você sabe que é a última oportunidade, você não tem pressa para mais nada. Já não há mais o que eu fazer, e essa é a beleza da última ceia de Jesus.
Não há pressa, o momento é feito para celebrar, a mística da última ceia está ali, Jesus reúnem aqueles que para Ele tinham um valor especial, inclusive o traidor estava lá. E eu descobri isso, com a morte da minha irmã, que eu não tenho o direito de esperar amanhã para dizer que amo, para perdoar, para abraçar, dizer que é importante, que é especial.
O amanhã eu não sei se existe, mas o agora eu sei que existe, e, às vezes, na vida, nos perdemos... Eu me lembro quantas vezes na minha vida de irmão com ela, nós passávamos uma semana sem nos falarmos, porque houve uma briga, uma confusão. A gente se dava ao luxo de passar uma semana sem se falar, e hoje eu não tenho nem mais 5 minutos para conversar com alguém que foi importante que foi parte de mim.
Não espere as pessoas morrerem, irem embora, não espere o definitivo bater em sua porta. Nós não conhecemos a vida e não sabemos o que virá amanhã. Viva como se fosse o último dia de sua história. Se hoje você tivesse que realizar sua última ceia, porque é conhecedor que hoje é o último dia de sua vida, certamente você não teria tempo para pressa. Você celebraria até o fim, e gostaria de ficar ao lado de quem você ama.
Viver o cristianismo é viver a dinâmica da última ceia todos os dias. Viva como se fosse o último dia de sua vida; viva como se fosse a última oportunidade de amar quem você ama, de olhar nos olhos de quem para você é especial.
E depois que minha irmã morreu, um tempo bem passado, eu descobri porque gostava tanto dessa música que vou cantar agora. Ela não fala de um amor que foi embora; o compositor fez para a filha que morreu em um acidente; então, fica muito mais especial cantá-la e descobrir o cristianismo que está no meio das palavras, porque é assim, quando o outro vai embora é que a gente descobre o tamanho do espaço que ele ocupava.
‘Não sei por que você se foi, quantas saudades eu senti, e das tristezas vou viver, e aquele adeus não pude dar... Você marcou a minha vida, Viveu, morreu, na minha história. Chego a ter medo do futuro e da solidão, que em minha porta bate. E eu! Gostava tanto de você. Gostava tanto de você. Eu corro, fujo dessa sombra. Em sonho vejo este passado. E, na parede do meu quarto, ainda está o seu retrato. Não quero ver para não lembrar, pensei até em me mudar... Lugar qualquer que não exista o pensamento em você... Eu gostava tanto de você. Gostava tanto de você.’
Agora o triste da música é que a gente precisa conjugar o verbo no passado, a pessoa já morreu, já não há mais o que fazer. Mas não tem nenhum sofrimento nessa vida que passe por nós sem deixar nenhum ensinamento...
Tem de ensinar, não dá para sofrer em vão. Alguma coisa a gente tem de extrair.
Extraia o sofrimento e descubra o ensinamento. Se ele algum dia me tocou e me deixou algum ensinamento, eu faço questão de partilhá-lo agora. Depois da morte de minha irmã, eu faço questão de viver a vida como se fosse o último dia.
Já que o passado é coisa do inferno, e a gente não está no passado, muito menos no inferno, resta a possibilidade de mudar o verbo, de trazê-lo para o presente e de cantá-lo olhando para as pessoas que são especiais. Quem sabe cantando para ela nesse momento.
Se ela está no seu lado, se você tem algum amigo que mereça ouvir isso de você, alguém que fez a diferença na sua história...
Ao invés de você dizer que gostava, você diz que gosta.
Vamos mudar o verbo! Vamos amar a vida! Vamos amar as pessoas antes que elas vão embora.
E eu... Eu gosto tanto de você... Eu gosto tanto de você.....
“O diabo fica nas esquinas da vida nos mostrando o que não fizemos, ao passo que Deus segura as nossas mãos, e nos mostra o que ainda pode ser feito.”
Padre Fábio de Melo.
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