Na
homilia de hoje, Santo Padre abordou a prática da penitência, comum
no tempo quaresmal; ele também advertiu sobre usar Deus para cobrir
injustiças
Da
Redação, com Rádio Vaticano
Francisco
fala sobre o verdadeiro jejum, que é um compromisso também para
com o outro, não só com Deus / Foto: L’Osservatore Romano
Os
cristãos, especialmente na Quaresma, são chamados a viver
coerentemente o amor a Deus e ao próximo. Essa foi uma das
passagens-chave da homilia do Papa Francisco nesta sexta-feira, 20,
na Casa Santa Marta. O Santo Padre destacou que o verdadeiro jejum
vem do coração, além de alertar sobre a atitude de ajudar a Igreja
e, pelas costas, ser injusto com o próximo.
O
Papa se inspirou na Primeira Leitura extraída do livro do Profeta Isaías,
em que o povo se lamenta a Deus por não ouvir seus jejuns. Francisco
destacou que é preciso distinguir entre o “formal” e o “real”,
pois, para Deus, não é jejum deixar de comer carne e depois brigar
e explorar os trabalhadores. Jesus condenou os fariseus porque faziam
tantas observações exteriores, mas sem a verdade do coração.
O
jejum que Jesus quer, segundo o Papa, é aquele que dissolve as
cadeias injusta, liberta os oprimidos, veste os nus e faz justiça.
Isso porque o verdadeiro jejum vem do coração, não é somente
externo. “O amor a Deus e o amor ao próximo são uma unidade e se
você quer fazer penitência, real não formal, deves fazê-la diante
de Deus e também com o teu irmão, com o próximo”.
Fé
sem obras: fé morta
O
Santo Padre também recordou que a pessoa pode até ter fé, mas,
como diz o apóstolo Tiago, se não faz obras é uma fé morta.
Assim, se alguém vai à Missa todos os domingos e comunga, pode-se
perguntar como é sua relação, por exemplo, com os funcionários:
se os paga de maneira irregular, com um salário justo e assistência
de saúde.
“Quantos
homens e mulheres têm fé mas dividem as tábuas da lei: ‘Sim, eu
faço isso’. ‘Mas você dá esmolas?’. ‘Sim, sim, sempre
mando um cheque para a Igreja’. ‘Ah, então tá. Mas na tua
Igreja, na tua casa, com quem depende de você (filhos, avós,
funcionários), você é generoso, é justo?’. Não se pode fazer
ofertas à Igreja e pelas costas ser injusto com seus funcionários.
Este é um pecado gravíssimo: usar Deus para cobrir a injustiça”.
Francisco
citou ainda o que diz o profeta Isaias: “Não é um bom cristão
quem não faz justiça com as pessoas que dependem dele”. E não é
um bom cristão aquele que não se despoja de algo necessário para
dar ao próximo, que precisa.
O
caminho da Quaresma é duplo: a Deus e ao próximo, lembrou o Papa; é
um caminho real, não simplesmente formal. “Não é somente deixar
de comer carne sexta-feira, fazer alguma coisinha e depois, deixar
aumentar o egoísmo, a exploração do próximo, a ignorância dos
pobres”.
Alguns
– contou o Papa – quando precisam se curar vão ao hospital, e
por ter um plano de saúde, obtém a consulta rápido. “É uma
coisa boa – comentou Francisco – agradeça ao Senhor. Mas,
diga-me, você pensou naqueles que não têm esta facilidade e quando
vão ao hospital devem esperar 6, 7, 8 horas para uma coisa urgente”.
Abraçar
quem errou
O
Santo Padre mencionou, por fim, a necessidade de aproveitar o tempo
quaresmal para se aproximar daqueles que ainda não seguem os
mandamentos, que erraram e até mesmo dos que estão presos.
“’Como
será a tua Quaresma?’, pergunta Francisco. ‘Graças a Deus tenho
uma família que cumpre os mandamentos, não temos problemas’. Mas
nesta Quaresma – pergunta o Papa – em seu coração existe ainda
lugar para quem não cumpriu os mandamentos? Que cometeram erros e
estão encarcerados?”.
Se
uma pessoa não está encarcerada é porque Deus a ajudou a não
cair, disse o Papa, por isso ela precisa dar lugar no seu coração
aos presos, rezar por eles.
“Em
seu coração, os presos têm um lugar? Você reza por eles, para que
o Senhor lhes ajude a mudar de vida? Acompanha, Senhor, o nosso
caminho quaresmal, para que a observância exterior corresponda a uma
profunda renovação espiritual. Assim rezamos, que o Senhor nos dê
esta graça”.
Fonte:
Canção Nova
Nenhum comentário:
Postar um comentário