A noite nas ruas do centro de São Paulo foi marcada pela fé nesta segunda-feira (19). Jovens de diferentes expressões eclesiais percorreram mais de 4 km em procissão com a Cruz da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e o Ícone de Nossa Senhora.
Depois de uma missa na Catedral da Sé, às 18h, presidida pelo arcebispo de São Paulo, cardeal Dom Odilo Scherer, os símbolos da JMJ, a Cruz Peregrina e o Ícone de Nossa Senhora, foram levados à Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, também na região central.
Os jovens iniciaram a meditação dos mistérios dolorosos do Rosário diante do Pátio do Colégio, local da fundação da cidade de São Paulo, e da Igreja do Beato José de Anchieta. Em seguida passaram pelo Largo do Paissandu, onde fica a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
O momento marcante da procissão foi quando a Cruz Peregrina entrou na Favela do Moinho. Os jovens tiveram que passar debaixo de uma ponte e atravessar a linha férrea com a Cruz para entrar na comunidade carente. Enquanto passavam entre os inúmeros barracos da favela, com velas acesas, a juventude entoava o hino da JMJ de 2000, “Emmanuel”.
- Esta música expressa o que estamos vivendo aqui neste momento. É o Emanuel, o Deus Conosco que vem ao encontro dos mais sofredores - afirmou, emocionado, dom Tarcísio Scaramussa, bispo auxiliar de São Paulo e referencial do Setor Juventude Arquidiocesano, que acompanhou toda a caminhada. Em seguida, o bispo pediu para que todos os jovens estendessem as mãos e orassem pela comunidade. Dom Tarcísio também convidou os moradores da favela a se aproximarem e tocarem a Cruz.
Depois de deixar a Comunidade do Moinho, a Cruz seguiu para uma das regiões mais precárias da cidade, a chamada Cracolândia. O símbolo da JMJ passou por uma rua tomada por centenas de usuários de crack espalhados pelas calçadas. Enquanto um dos jovens conduzia um momento de oração, ouviu-se do meio dos usuários alguém que disse: “Jesus morreu na cruz por mim”. Apesar de visivelmente alterados pelo efeito da droga, alguns acompanharam a oração do 5º mistério doloroso do Rosário, chegando a recitar a “Ave-Maria”. Em seguida, abriram espaço para que a Cruz continuasse sua caminhada.
O vigário episcopal para a Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, padre Julio Lancellotti, afirmou que a peregrinação da cruz pelas ruas da cidade de São Paulo deve ser um sinal de compromisso da Igreja para com os que sofrem.
- É a cruz indo ao encontro dos crucificados, é a vida indo ao encontro da morte. É o amor indo ao encontro da dor - disse.
A procissão chegou ao seu destino por volta das 23h, quando foi recebida com uma queima de fogos na Igreja da Boa Morte, uma construção de mais 200 anos. Depois da missa, os jovens das novas comunidades da arquidiocese permaneceram em vigília até as 6h desta terça-feira (20).
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