A bondade do patrão supera a justiça humana. Nós costumamos ser calculistas: trabalhou tanto, merece tanto. Jesus, ao contrário, pensa na necessidade de cada um. A parábola diz que o patrão pagou uma diária a cada trabalhador, o necessário para viver o dia – direito que todos têm, independentemente deste ou daquele emprego. Se alguns empregados da parábola não trabalharam mais, o motivo disso é não terem sido contratados antes, estarem aguardando alguém que os contratasse.
A lógica do reino questiona a lógica humana. Não raro a palavra de Deus provoca uma inversão de valores. Deus é imprevisível em suas opções: escolhe o último, o pecador, o fraco. Para ele, não existem categorias: os que chegaram primeiro, os que fizeram mais. Tudo é generosidade e misericórdia do patrão justo, que supera os critérios humanos. Deus não é injusto por ser generoso.
A salvação é dom de Deus, não mérito nosso. O ingresso no reino de Deus não depende tanto de nossa fidelidade às práticas religiosas, da frequência desde crianças a uma comunidade. Muitos pensam que têm mais mérito diante de Deus porque são fervorosos em práticas devocionais. Se falta amor e justiça na vida cotidiana, pouco vale a vivência devocional. Queremos superar a “religião dos méritos”.
O discípulo de Jesus, com a celebração eucarística, vai se familiarizando com a lógica de Deus, baseada na generosidade, vai se comprometendo com ela. Não importa se é trabalhador da primeira ou da última hora, todos são admitidos à mesma mesa e recebem a mesma palavra e o mesmo pão. O Pai, justo e bom, não nos trata de forma mesquinha, conforme nossa eficiência, mas na proporção da ternura do seu coração.
Pe. Nilo Luza, ssp
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