Na
Semana de Oração pela Unidade Cristã, padre Mário Marcelo
enfatiza que quem pertence ao corpo de Cristo não pode dar
testemunho de individualismo
Padre
Mário Marcelo Coelho, scj
Doutor em Teologia Moral
Doutor em Teologia Moral
A
cada ano a Igreja no Brasil, durante a semana que antecede a
Solenidade de Pentecostes, celebra a Semana de Oração pela Unidade
dos Cristãos (SOUC). O Concílio Vaticano II afirma que a oração é
a “alma do movimento ecumênico” (Unitatis Redintegratio –
U.R., 8). O Decreto U.R. número 24, em sua conclusão geral,
expressa o desejo e a esperança de quem acredita na realização do
pedido de Jesus em favor da unidade cristã, “Para que todos sejam
um” (João 17,20-26). O Concílio exorta a todos os fiéis a
buscarem o verdadeiro encontro na unidade.
O
texto inspiração da SOUC deste ano de 2015 é fundamentado no apelo
feito por Jesus à mulher samaritana: “Dá-me de beber” (João
4,7), inspirado na passagem do Evangelho de João que mostra o
encontro de Cristo com a samaritana no poço de Jacó, como ícone do
amor que quebra preconceitos religiosos e culturais, que abre ao
diálogo na diversidade e que revela a importância do acolhimento e
da partilha de dons como expressão da necessária comunhão que deve
existir, entre cristãos das diversas Igrejas. A súplica que a
samaritana faz a Jesus, para que todos os cristãos possam beber da
água viva que Ele derrama em sua Igreja e em nossos corações.
Igreja de Jesus Cristo dividida não evangeliza, dispersa e dá
contratestemunho do Mandamento do Amor.
Para
tornar mais clara a exigência da unidade, Paulo utiliza uma
comparação: a alegoria do corpo e dos seus membros. Paulo compara a
comunidade cristã a um corpo. Esse corpo é constituído por uma
pluralidade diversificada de membros, cada um com a sua tarefa, isto
é, com o seu “carisma” específico. O fato dos membros serem
vários e distintos consiste na riqueza da unidade. Esta riqueza da
diversidade é que permite a sobrevivência de todo o corpo. É na
comunhão da diversidade que a pessoa humana desenvolve plenamente a
sua condição de cristão na comunidade.
Na
comunidade, os membros necessitam uns dos outros e se preocupam uns
com os outros. A unidade fundamental, a verdadeira comunhão deve
sempre estar de braços dados com o pluralismo de dons e carismas e
preocupado com o bem comum. Paulo identifica este corpo “comunidade”
com Cristo (1Cor 12,12-30). A comunidade cristã é o corpo de Cristo
(“vós sois corpo de Cristo e seus membros” – v 27), por isto
neste corpo tem de manifestar-se o Cristo total. Ora, pode Cristo
estar dividido? Pode a comunidade estar dividida? Pode a comunidade
viver com conflitos e rivalidades? Quem se diz pertencer ao corpo de
Cristo não pode dar testemunho de egoísmo, de individualismo, de
orgulho, de rivalidades, de autossuficiência, de desprezo pelos
membros da comunidade e sobretudo pelos pobres e fracos.
O
corpo de Cristo (a Igreja) é, pois, uma comunidade de irmãos, que
de Cristo recebem e partilham a vida que os une; sendo uma
pluralidade de membros, com diversas funções, respeitam-se,
apoiam-se, são solidários uns com os outros e se amam. Princípios
importantes para configurar as relações próprias deste corpo de
Cristo que é a Igreja são a caridade, justiça, solidariedade,
participação, corresponsabilidade e comunhão de irmãos. Paulo
afirma também que todos os membros do corpo desempenham funções
importantes para o equilíbrio e harmonia do todo e para a realização
do bem comum.
A
Igreja é o corpo de Cristo onde se manifesta, na diversidade de
membros e de funções, a unidade, a partilha, a solidariedade, o
amor, que são essenciais à proposta salvadora que Cristo nos
apresenta. Paulo ensina que não existem finalidades individuais
dentro da comunidade, mas tudo é direcionado a construir o único
“Corpo de Cristo”, em vista do projeto divino do Reino.
A
nossa comunidade cristã é uma família de irmãos, que vivem em
comunhão, que se respeitam e que se amam. Por isto é inaceitável
para a vida cristã comunidades divididas pela inveja, interesses
egoístas e mesquinhos, e desprezo pelos outros. O cristão deve usar
dos carismas que Deus lhe confia para o serviço e promoção dos
irmãos e para o crescimento da comunidade.
Na
vida em comunidade, os vários membros vivem em comunhão solidária,
numa efetiva solidariedade com os seus membros. Os dramas e os
sofrimentos, as alegrias e as esperanças dos nossos irmãos deverão
ser sentidos por todos os membros desse corpo, ou seja, da
comunidade. Cada irmão deve sentir-se corresponsável na construção
dessa comunidade da qual somos membros e desempenhamos, com
responsabilidade, a nossa missão.
Na carta aos Efésios (4,1-6), Paulo afirma ainda que a Igreja é um “corpo”, o “Corpo de Cristo”. Naturalmente, esse “corpo” é formado por muitos membros, todos eles diversos; mas todos eles dependem de Cristo, a “cabeça” desse “corpo”, e recebem d’Ele a mesma vida. Formam, portanto, uma unidade. Têm o mesmo Pai (Deus), têm um projeto comum, o de Jesus, têm o mesmo objetivo, fazer parte da família de Deus e encontrar a vida em plenitude, caminham na mesma direção animados pelo mesmo Espírito, têm a mesma missão que é dar testemunho no mundo do projeto de amor que Deus tem para os homens.
Na carta aos Efésios (4,1-6), Paulo afirma ainda que a Igreja é um “corpo”, o “Corpo de Cristo”. Naturalmente, esse “corpo” é formado por muitos membros, todos eles diversos; mas todos eles dependem de Cristo, a “cabeça” desse “corpo”, e recebem d’Ele a mesma vida. Formam, portanto, uma unidade. Têm o mesmo Pai (Deus), têm um projeto comum, o de Jesus, têm o mesmo objetivo, fazer parte da família de Deus e encontrar a vida em plenitude, caminham na mesma direção animados pelo mesmo Espírito, têm a mesma missão que é dar testemunho no mundo do projeto de amor que Deus tem para os homens.
O
discípulo de Cristo deve lutar por esta Unidade e esta Paz. É
preciso desejar, decidir e construir a Unidade. Para que a
unidade seja possível, Paulo recomenda aos discípulos de Cristo (Ef
4,1-6) a humildade, a mansidão e a paciência.
A
Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos quer oferecer um
privilegiado momento para oração, encontro e diálogo entre
cristãos de diferentes Igrejas. Quer ser uma oportunidade para
reconhecer a riqueza e o valor que estão presentes no outro, no
diferente, e para pedir a Deus o dom da unidade.
Fonte:
Canção Nova
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