Ao som de matracas e com a cruz peregrina, que pesa 31 quilos, sendo levada de estação em estação, tendo como guardiões militares, escoteiros e outros jovens, foram realizadas as cenas da Via Sacra com estrutura bem simples: uma narração e uma meditação. Em cada uma das meditações, Jesus é representado por uma pessoa que sofre ou por alguém que caminha nessa vida procurando ser fiel a Deus e ao seu convite de amor como os que respondem à vocação que recebem, segundo os textos das reflexões apresentadas.
Um exemplo, segundo o Diretor da
espetáculo, Ulysses Cruz, na encenação da sexta estação, quando Verônica
enxuga o rosto de Cristo, todas as mulheres são Verônica. E a meditação
se estendeu a situações em que as mulheres se debruçam sobre Mulheres
prostituídas, famílias na miséria, jovens desempregados, minorias
tratadas com preconceito foram os exemplos dados na meditação que
mostrou “que a face de Jesus fica estampada no lenço da solidariedade”.
Os textos declamados pelos atores e
voluntários foram gravados previamente para dar qualidade e pureza ao
som que todos ouviram durante o espetáculo. Alguns personagens como
Maria, vivida pela atriz Cássia Kiss, foram representados nas cenas sem
texto. A ideia foi fugir do realismo para que as cenas tivessem uma
interpretação atual.
“Na hora da dor, melhor falar de Deus é
falar com Deus”, mostrando que rezar é mais importante que explicar a fé
foi o que se destacou, no texto declamado, o narrador da oitava
estação. E na décima estação, um jovem pede que Cristo não permita que
essa geração se perca no meio dos avanços tecnológicos de comunicação,
especialmente a internet, e passem a substituir o contato real com as
pessoas pelo contato virtual. Curioso que foram rapazes engravatados a
representar o ambiente de opressão na décima primeira estação.
A coreografia foi inspirada no barroco
mineiro e português acompanharam cada uma das cenas. Na décima segunda
estação, enfermeiros entraram em cena carregando cadeiras de rodas e
abrem uma porta do cenário, colocando-se de joelhos para passar a ideia
da morte de Jesus. Um médico que acompanha doentes terminais pediu, na
meditação, que Jesus fizesse dele um “missionário da vida” e o
convertesse para o serviço aos irmãos.
Na décima terceira estação, quando Jesus
é descido da cruz, com uma reprodução da famosa “La Pietá” de
Michelangelo no palco, com tradução para a sinais de Libra para os
surdos-mudos, afirmou-se que, muitas vezes, todos os discursos são
insuficientes e que existem momentos que o silêncio fala muito mais.
O Papa fez uma oração para concluir a Via Sacra.
Os textos recitados são de autoria dos
padres dehonianos Zezinho e Joãozinho e as leituras bíblicas também
foram feitas por nomes como o de Bruna Roulin, Luciano Mitchel, Carolina
Dutra, Tamires Coelho, Carol Nemetela, Raphael Najan.
Nenhum comentário:
Postar um comentário