Com frequência a Igreja oferece
aos fiéis e a todo o mundo a figura do santo! Homens e mulheres de
idades diversas e diferentes estados de vida viveram com heroísmo o
Evangelho e se tornaram pontos de referência, como sinais privilegiados
para suas respectivas épocas e para as gerações que se seguem. Seus
feitos, suas palavras e seus nomes permanecem como imagens gravadas com
fogo na história da humanidade. Sabemos que mesmo nações de tradição
diferente do cristianismo se orgulham dos santos e santas que nelas
deixaram suas marcas, especialmente os rastros da caridade vivida, já
que um dos sinais de santidade é justamente o amor universal e
desprendido, sem preconceitos ou discriminações.
Basta recordar a recente canonização da Santa Madre Teresa de Calcutá.
E o nosso tempo tem sido rico de santidade, como homens e mulheres
conhecidos diretamente pela nossa geração. São João Paulo II percorreu o
mundo, visitou nosso país, comeu à nossa mesa, abraçou nossas crianças!
E é santo! Ele mesmo, aqui no Brasil, afirmou categoricamente que nosso
país precisa de muitos santos. Daí a pergunta, numa época de propaganda
da maldade e da impureza, de banalização da verdade, corrupção dos
costumes e tantas outras mazelas, é possível ser santo? Parece
que a resposta deve ser dada por nós, cada um no confronto com os ideais
assumidos em sua própria história.
Há santidade nas crianças.
Deus nos fez para a inocência e não para a maldade. As orações que
brotam singelas dos lábios dos pequeninos, preferidos de Jesus, a
abertura com que se dispõem a conversar com o Senhor, a espontaneidade
de seus sentimentos e a liberdade com que se colocam diante dos adultos,
tudo indica que nos pequeninos, com os quais precisamos ser parecidos,
se queremos entrar no Reino de Deus, é nada menos do que o projeto de
Deus para todos, seja qual for a sua idade. Francisco e Jacinta,
pastorinhos videntes de Nossa Senhora de Fátima, são reconhecidos como
“confessores da fé”

A santidade resplandece nos jovens.
Um dos novos santos canonizados no dia 16 de outubro de 2016 é o jovem
José Sánchez del Río, mexicano (1913-1928), martirizado aos 14 anos
durante a perseguição religiosa no México. No Brasil, Guido Schäffer,
brasileiro, carioca, dizendo que “todas as nossas ações devem visar o
amor de Deus”, foi médico, surfista e filho muito dedicado a Deus. Ao
oferecer sua medicina aos pobres assistidos pelas Missionárias da
Caridade de Madre Teresa, e após a leitura do livro “O Irmão de Assis”,
de Frei Ignacio Larrañaga, decidiu largar tudo para seguir o forte
chamado ao sacerdócio. Sua vida na Igreja amadureceu na Renovação
Carismática Católica, no uso dos dons e carismas do Espírito Santo, na
vida intensa de oração, nas devoções marianas e depois num caminho para o
sacerdócio. Seu processo de beatificação está em andamento. Deus o
“pescou” surfando, aos trinta e quatro anos, em 2009, no último ano de
Seminário.
A Santidade acontece na família,
como se manifesta na canonização dos pais de Santa Teresinha, Luís
Martin e Zélia Guérin. O Papa Francisco afirmou que “os novos santos
viveram o serviço cristão na família, construindo dia após dia um
ambiente cheio de fé e amor, e, neste clima, germinaram as vocações das
filhas, nomeadamente a de Santa Teresinha do Menino Jesus”. Luiz era
relojoeiro e Zélia bordadeira. Tiveram nove filhos, quatro falecidos
ainda na infância e cinco filhas seguiram a vida religiosa! Ou lembremos
Santa Gianna Beretta Molla, médica e mãe de família, cujo milagre para a
canonização beneficiou uma brasileira.
Santidade não depende de classe social.
No Brasil, recentemente foi beatificada “Nhá Chica”, analfabeta,
dedicada a Deus na vida de oração e à caridade, chamada em Baependi,
Minas Gerais, de “Mãe dos Pobres”. Guardava especial devoção às “Três
horas da Agonia”, prática tão difundida entre nós, belenenses. Sua vida
mostrou que a santidade não é privilégio, mas mandamento do Senhor
Jesus: “Sede perfeitos como vosso Pai Celeste é perfeito” (Mt 7, 48).
Mas como percorrer esta estrada?
Para São João Paulo II, “se o Batismo é um verdadeiro ingresso na
santidade de Deus através da inserção em Cristo e da habitação do seu
Espírito, seria um contrassenso contentar-se com uma vida medíocre,
pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial.
Perguntar a um catecúmeno: ‘Queres receber o Batismo’? significa ao
mesmo tempo pedir-lhe: ‘Queres fazer-te santo?’. Significa colocar na
sua estrada o radicalismo do Sermão da Montanha” (Novo Millenio Ineunte
31).
Santidade é o caminho normal a ser percorrido pelo cristão.
Escolher o seguimento de Jesus Cristo, acolher sua palavra como Palavra
de Vida Eterna, optar pela fidelidade aos mandamentos, experimentar a
graça do perdão e o banho da misericórdia de Deus. Sim, o santo não está
pronto e acabado, mas vive o processo a santificação, cujo autor
principal é o próprio Deus. De fato, se nos deixamos conduzir, o
Espírito Santo conduz, silenciosamente, mas com força, os rumos de nossa
existência. Vivendo bem cada momento presente, pois a cada dia basta o
seu cuidado (Cf. Mt 6, 34), passo a passo é possível caminhar na
santidade.
Santidade significa não se acomodar com o
espírito do mundo, que conduz à volta sobre si e o bloqueio das boas
inspirações. Trata-se de sair de nosso egoísmo, para encontrar os meios
adequados para servir e não ser servidos, como o Senhor, em quem
acreditamos. Santidade é exercício de criatividade. Os homens e mulheres
que se santificaram abrem uma imensa galeria de possibilidades,
provocando em nós a fidelidade aos muitos dons que nos foram concedidos,
para multiplicar os talentos e exercitá-los para a glória de Deus e
para o bem da humanidade. Basta olhar no espelho da Palavra de Deus para
descobrir.
Santidade quer dizer usar os meios
postos à nossa disposição pela Igreja, São João Paulo II (Novo Millenio
Ineunte 30-41) propõe os seguintes passos: oração, participação na
Eucaristia Dominical, Sacramento da Reconciliação, acreditar no primado
da graça de Deus, escutar a Palavra de Deus, acolher o exemplo luminoso
dos santos e dos mártires. Cabe a nós experimentar estes passos e será dada a resposta à pergunta!
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