“O
trabalho é um bem de todos, que deve ser disponível para todos
aqueles que são capazes de trabalhar”, escrevem os bispos em
mensagem
Da
redação, com CNBB
A
Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) divulgou nesta sexta-feira, 1º de maio, uma mensagem aos
trabalhadores e trabalhadoras. No texto, a CNBB manifesta “apoio
aos homens e mulheres que, pelo trabalho, constroem caminhos de vida
e de fraternidade”.
Os
direitos dos trabalhadores também são lembrados na mensagem. A
exemplo das medidas provisórias que tratam de mudanças nas regras
de acesso ao auxílio-doença e à pensão por morte e sobre o
seguro-desemprego, abono salarial e seguro-defeso. “Elas
representam uma ameaça aos trabalhadores”, consta do texto. Os
bispos afirmam, ainda, que lei que permite a terceirização do
trabalho não pode negar ou restringir o direito dos trabalhadores.
Leia
a mensagem na íntegra:
Mensagem
da CNBB aos trabalhadores e trabalhadoras
Quero
apenas ver o direito brotar como fonte,
e correr a justiça qual regato que não seca (Am 5,24)
e correr a justiça qual regato que não seca (Am 5,24)
A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, por ocasião das
comemorações do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, neste 1º de
Maio, manifesta seu apoio aos homens e mulheres que, pelo trabalho,
constroem caminhos de vida e de fraternidade. Dimensão
fundamental da existência da pessoa humana sobre a terra (cf. LE,
4), o trabalho transforma as pessoas e a natureza, apoiado na
inteligência e na criatividade humanas a serviço do bem.
Nunca
é demais recordar que “o trabalho é um bem de todos, que deve ser
disponível para todos aqueles que são capazes de trabalhar. O pleno
emprego é, portanto, um objetivo obrigatório para todo o
ordenamento econômico orientado para a justiça e para o bem
comum”(CDSI 288). Saliente-se, portanto, que “a obrigação de
ganhar o pão com o suor do próprio rosto supõe, ao mesmo tempo, um
direito. Uma sociedade onde este direito seja sistematicamente
negado, onde as medidas de política econômica não consintam aos
trabalhadores alcançarem níveis satisfatórios de ocupação, não
pode conseguir nem a sua legitimação ética nem a paz social”
(CA, 43). O Papa Francisco afirma que “a economia não pode
mais recorrer a remédios que são um novo veneno, como quando se
pretende aumentar a rentabilidade reduzindo o mercado de trabalho e
criando assim novos excluídos” (EG, 204).
A
situação política e econômica pela qual passa o Brasil exige que
se dê atenção especial à defesa, consolidação e ampliação dos
direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. Tramitam no Congresso
Nacional a Medida Provisória 664/2014, que trata de mudanças nas
regras de acesso ao auxílio-doença e à pensão por morte e a
Medida Provisória 665/2014, que trata do seguro-desemprego, abono
salarial e seguro-defeso, no caso dos pescadores. Elas representam
uma ameaça aos trabalhadores. A lei que permite a terceirização do
trabalho, conforme manifestação da CNBB durante sua 53ª Assembleia
Geral, não pode negar ou restringir o direito dos trabalhadores. “A
retomada de crescimento do País, uma das condições para vencer a
crise, precisa ser feita sem trazer prejuízo à população, aos
trabalhadores e, principalmente, aos mais pobres (…). É inadmissível
que a preservação dos direitos sociais venha a ser sacrificada para
justificar a superação da crise”. (CNBB, 21.04.2015).
Reiteramos
nossa preocupação com o número de trabalhadores que ainda estão
em regime de escravidão. Urge que a Proposta de Emenda
Constitucional 57/1999, já aprovada no Senado, embase a punição
legal às empresas que fazem uso da mão de obra escrava. Não
podemos mais conviver com essa realidade que atenta contra a
dignidade da pessoa humana.
Nesse
1º de Maio, em que trazemos à memória os que doaram sua vida na
defesa e promoção dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras do
Brasil, fazemos votos de que cresça, sempre mais, “a consciência
de que o trabalho humano é uma participação na obra de Deus”
(LE, 25). Agradecemos, pois, os trabalhadores e trabalhadoras que,
não obstante as adversidades e graves problemas sociais, empregam
todos os seus esforços pela construção de uma sociedade
democrática e justa.
Que
Deus seja a força dos trabalhadores e trabalhadoras e São José
alcance de Jesus Cristo proteção e graça para todos.
Brasília,
1º de maio de 2015
Dom
Sérgio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom
Murilo Sebastião Krieger
Arcebispo de Salvador
Vice-presidente
da CNBB
Dom
Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário
Geral da CNBB
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