Conferência
é contrária à descriminalização do uso de drogas; destaca que a
dependência química é um dos grandes problemas de saúde pública
e de segurança no Brasil
Da
Redação, com CNBB
A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é contrária à
descriminalização do uso de drogas. O posicionamento é afirmado em
uma nota divulgada nesta quinta-feira, 27, após a reunião do
Conselho Episcopal Pastoral da entidade, realizada nesta terça e
quarta-feira.
“A
não punibilidade do porte de drogas, tendo como argumento a
preservação da liberdade da pessoa, poderá agravar o problema da
dependência química, escravidão que hoje alcança números
alarmantes”, afirma a entidade.
Confira
a íntegra da nota:
Nota
da CNBB sobre a descriminalização do uso de drogas P- Nº. 0581/15
“Escolhe,
pois, a vida, para que vivas, tu e teus descendentes” (Dt 30,19).
A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, através do
Conselho Episcopal de Pastoral, reunido nos dias 25 e 26 de agosto,
declara-se contrária à descriminalização do uso de drogas. É
importante a sociedade inteirar-se desta temática, pois a
dependência química representa um dos grandes problemas de saúde
pública e de segurança no Brasil.
O
uso indevido de drogas interfere gravemente na estrutura familiar e
social. Está entre as causas de inúmeras doenças, de invalidez
física e mental, de afastamento da vida social. A dependência que
atinge, especialmente, os adolescentes e os jovens, é fator gerador
da violência social, provoca no usuário alteração de consciência
e de comportamento. O consumo e o tráfico de drogas são apontados
como causa da maioria dos atentados contra a vida.
A
não punibilidade do porte de drogas, tendo como argumento a
preservação da liberdade da pessoa, poderá agravar o problema da
dependência química, escravidão que hoje alcança números
alarmantes.
A
liberação do consumo de drogas facilitará a circulação dos
entorpecentes. Haverá mais produtos à disposição, legalizando uma
cadeia de tráfico e de comércio, sem estrutura jurídica para
controlá-la. O artigo 28 da Lei 11.343, ao tratar do tema, não
prevê reclusão, mas a penalização com adoção de medidas de
reinserção social. Constata-se que o encarceramento em massa não
tem sido eficaz. É preciso desenvolver a prática da justiça
restaurativa. Isso não significa menor rigor para aqueles que lucram
com as drogas.
O
caminho mais exigente e eficaz, a longo prazo, é a intensificação
de campanhas de prevenção e combate ao uso das drogas, acompanhado
de políticas públicas nos campos da educação, do emprego, da
cultura, do esporte e do lazer para a juventude e a família. O
Estado seja mais eficaz nas ações de combate ao tráfico de drogas.
Com
a descriminalização das drogas, a crescente demanda de tratamento
da parte de incontáveis dependentes aumentaria muito. A Igreja
Católica, outras instituições religiosas e particulares, por meio
de casas terapêuticas, demonstram o compromisso com a superação da
dependência química e recuperação dos vínculos familiares e
sociais ao acolher, cuidar e dar oportunidade de vida nova a milhares
de adolescentes, jovens e adultos através da espiritualidade, do
trabalho e da vida de comunidade.
Confiantes
na graça misericordiosa de Deus e na materna proteção da Virgem de
Aparecida, conclamamos o Estado e o povo brasileiro à necessária
lucidez no trato deste tema tão grave para a sociedade.
Brasília,
26 de agosto de 2015.
Dom
Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília-DF
Presidente da CNBB
Arcebispo de Brasília-DF
Presidente da CNBB
Dom
Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia- BA
Vice-presidente da CNBB
Arcebispo de São Salvador da Bahia- BA
Vice-presidente da CNBB
Dom
Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília-DF
Secretário-Geral da CNBB
Bispo Auxiliar de Brasília-DF
Secretário-Geral da CNBB
FONTE:
CANÇÃO NOVA
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