Eduardo Campos ficou conhecido por participar da Jornada Mundial da Juventude 2013 e, logo após, converter-se ao catolicismo
André
Cunha
Da redação
Da redação
Você
se lembra da imagem abaixo? Ela rodou o mundo nos meios de
comunicação e chamou a atenção por aquilo que representou: um
jovem evangélico reconhecendo o ministério petrino de Francisco.
Foto:
Arquivo
O
rapaz se chama Eduardo da Silva Campos e tem 22 anos. Em 2013, se
uniu aos milhões de jovens na praia de Copacabana, Rio de Janeiro,
para participar da Jornada
Mundial da Juventude,
apesar de ser protestante. Ele nasceu no protestantismo e, por 19
anos, recebeu os ensinamentos referentes às duas denominações
pelas quais passou.
“Nunca
fui cristão ‘meia boca’, sempre ativo e atuante, desempenhava a
função de segundo secretário da congregação, integrante do
ministério de louvor e da mocidade (grupo de jovens). Foram anos
maravilhosos, não tenho motivos para desmerecer minha experiência
cristã ‘extra
Ecclesiam’.
Tenho somente uma tristeza por não ser católico a mais tempo”,
disse Eduardo à equipe do noticias.cancaonova.com.
Na
entrevista, o jovem fala ainda dos motivos que o levou a participar
da Jornada, sobre o cartaz que levantou na Missa de Envio e também
como está sua vida após abraçar a fé católica.
Na
Solenidade de Pentecostes de 2014, Eduardo recebeu o Sacramento do
Batismo e da Eucaristia, na Arquidiocese do Rio de Janeiro. O jovem
deve receber o Sacramento da Crisma neste ano.
Confira
a íntegra:
Como soube da JMJ? Quando e por que decidiu participar do evento?
“Fiquei
sabendo da JMJ por meio de propagandas televisivas e comentários de
ex-alunos católicos.”
De quais atividades você participou na Jornada? O que mais chamou à atenção?
“Por
estar trabalhando durante o período da JMJ, só pude comparecer na
vigília no sábado e no domingo. Participei de todos os momentos
nesses dois dias, desde a adoração ao Santíssimo até a Santa
Missa de envio. Não tinha noção de nada do que estava acontecendo,
todavia a beleza da unidade e da liturgia me encantavam. Dormi na
praia, rezei com as pessoas, chorei bastante. Foi momento sublime!”
Você exibiu um cartaz onde se dizia “evangélico”, mas também reconhecia o Ministério Petrino de Francisco. O que motivou a iniciativa do cartaz e o que a levou a enxergar o Papa desta forma, apesar de ser protestante?
“Tudo
isso começou com Bento XVI, o Magno. Por meio de sua renúncia, todo
o alvoroço em volta da renúncia e eleição de um Sumo Pontífice,
chamou-me à atenção. Comecei então a pesquisar sobre a Igreja, o
papado, sua missão, desde quando existe e qual é o motivo. Quanto
mais procurava, mais dúvidas surgiam e a Igreja com seus
documentos saciavam minhas dúvidas e anseios, coisa que no
protestantismo não acontecia. A passagem do Evangelho de São Mateus
16,18 fixou na minha cabeça: “Também eu e digo que tu és Pedro,
e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Hades
nunca prevalecerão contra ela”. Nesse momento, ao ler essa
passagem, entendi quem era o Papa: Pedro.”
Durante a Jornada, pensou em mudar de Igreja?
“Não.
Queria tão somente conhecer a Igreja Católica por meio dos meus
olhos e não por meio dos outros.”
E sobre sua experiência com o Papa Francisco, durante o evento…
“Foi
uma experiência ímpar! O Santo Padre passou por mim numa
distância de cinco metros e fiquei arrepiado. Tive a oportunidade de
me unir àquele povo que, emocionados, escutavam a voz do pastor.”
Quanto aos muitos jovens católicos com os quais pode se encontrar, como foi a experiência?
“Foi
fantástica! Como eu estava com a camisa da JMJ, passei desapercebido
em alguns momentos (rsrs), porém sempre perguntavam o que estava
carregando; então, eu mostrava o cartaz e todos ficavam admirados.
Fui muito bem acolhido, todos me trataram muito bem.”
Eduardo
ao lado da imagem de São João Paulo II / Foto: Arquivo pessoal
O que ficou da Jornada no seu coração?
“A
concretização da unidade da Igreja perante meus olhos. Vi e vivi a
Igreja em comunhão, diversidade de culturas, raças, países. Todos
professando uma só fé, um só batismo, um só Senhor em sua Igreja
Una e Santa. É a unidade na diversidade! Impagável!”
Quando se deu o “start” para sua conversão ao catolicismo?
“Como
disse anteriormente, comecei a gostar da Igreja quando comecei a
estudar sobre ela. Isso foi na época da renúncia do Santo Padre
Bento XVI, hoje emérito. Acompanhei o conclave, vibrei com a eleição
do novo Papa, nosso amado Papa Francisco, defendia a Igreja em alguns
debates mesmo sendo protestante. Daí defino essa fase como
‘pré-start’ da conversão. As aulas do Padre Paulo Ricardo e o
grupo do Facebook Escolástica da Depressão (EDD) me ajudaram muito.
Muitas dúvidas, muitas perguntas, todas sanadas, todas respondidas
com misericórdia. O ‘start’ se deu após a JMJ, quando ficava
relembrando todo aquele momento, as experiências, as coisas que
foram ditas por aquele povo.”
Como se deu o processo de transição?
“Deu-se
após a JMJ, quando ficou aquele gostinho de ‘quero mais’. A
‘liturgia’ (se é que podemos dizer assim) do culto protestante
não me atraía mais. Eu já tinha me apaixonado pela liturgia
latina, pela Missa e sua sincronia, organização, pelo latim (eu
assistia Missas no YouTube, mas sem saber que eram na forma
extraordinária), pelos paramentos (que até então chamava de
‘roupas de padre’, pelo erguer da hóstia e do cálice. Era
belíssimo aos meus olhos, parecia que tinha descoberto um tesouro.
Com
isso, questionava-me o tempo todo, perguntava-me por qual motivo o
pastor não usava aquelas ‘roupas de padre’, não tinha um altar
na igreja, não tinha uma Tradição (sim, uma Tradição com “T”
maiúsculo. Minha igreja até então não tinha nada que se ligasse
com os santos apóstolos). Perguntava-me também: ‘Se Pedro está
lá, por que estou aqui?’. Foi uma fase, como sempre digo, de
muitas perguntas. Todavia, foi uma fase boa, na qual fui vendo que a
Igreja, que outrora era um monstro, era na verdade minha verdadeira
casa.”
Sua família e amigos, como reagiram à sua conversão?
“Foi
turbulento! É até complicado entrar em detalhes. Não aceitaram de
início (e com certeza não aceitam até hoje), tivemos brigas feias,
muitas vezes troca de ofensas, mas com o tempo tudo se acalmou. Hoje,
temos uma relação muito boa de amizade e fraternidade. Claro que
eles aguardam ansiosamente o dia que eu ‘volte’, mas minha fé
está bem enraizada e bem sei em quem tenho crido.”
E como foi sua chegada na Igreja Católica?
“O
povo católico é um povo diferente, pois todo mundo é irmão de
todo mundo. Não há distinção; é só chegar que esse povo estará
de braços abertos. De início fui acolhido pelo Pe. Jorge Bispo, da
paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Santa Cruz no Rio de
Janeiro, posteriormente comecei a frequentar a Antiga Sé na qual é
minha atual paróquia. Os padres sempre muito acolhedores,
verdadeiros pastores. O povo de Cristo é extraordinário, sempre
caridosos (e curiosos), acolheram-me com todo zelo possível. Houve
também as pessoas que se incomodaram com minha presença, todavia,
Deus sempre interveio nessas situações.”
Como você vive sua fé hoje em dia? Tem dificuldades como quanto à doutrina, hierarquia ou a Tradição católica?
“Minha
fé, hoje em dia, é tão natural quanto a luz do sol que ilumina a
face da Terra. Não tenho nenhuma dificuldade com a doutrina,
hierarquia ou a Tradição. Sem a fé católica sou incompleto!”
Como é sua relação com a Virgem Maria? Foi uma aproximação fácil?
“Hoje,
é uma relação normal de Mãe e filho. Logo que me converti, senti
a vontade de rezar o terço. Fui numa loja e uma senhora me
presenteou com um terço e um livrinho ensinando a rezá-lo. Ao
rezá-lo no ônibus, indo para casa, senti uma presença muito forte,
um arrepio intenso e uma vontade de chorar. Mas confesso que, a cada
Ave-Maria, eu, em pensamento, dizia a Deus: ‘Senhor, se porventura
eu Vos ofender, perdoe-me. Não quero pecar contra Ti’. Depois, com
o tempo, as coisas se assentaram”.
Quais são seus planos para o futuro?
“Meus
planos para o futuro… Bem, estou participando do GVA (Grupo
Vocacional Arquidiocesano) aqui no Seminário São José. Acho que
meu futuro dependerá do resultado desse discernimento. Contudo, peço
aos irmãos que se lembrem de mim em suas orações diárias, nos
terços e nas Missas. Que colocassem a mim e a minha família nessas
intenções, entregando o meu futuro e o da minha família nas mãos
de Deus.”
O
jovem Eduardo participa, como acólito, na celebração da Vigília
Pascal / Foto: Arquivo pessoal
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