Francisco
alertou sobre as tentações sofridas pela identidade cristã que, se
não for preservada, perde o sal e sua capacidade de dar testemunho
de Cristo
Da
Redação, com Rádio Vaticano
A
necessidade de preservar a identidade cristã foi o tema da homilia
do Papa Francisco, nesta terça-feira, 9, na Casa Santa Marta.
Francisco disse que é preciso deixar que o Espírito Santo leve
adiante a vida cristã, sem permitir que a identidade do cristão se
torne uma “religião soft”.
A
Missa foi concelebrada pelos cardeais que compõem o chamado “C9”,
conselho que auxilia o Papa no governo da Igreja e na reforma da
Cúria Romana. As palavras de Francisco foram motivadas pela Carta de
São Paulo aos Coríntios, que fala justamente da identidade dos
discípulos de Jesus. Segundo o Papa, Deus fez a humanidade percorrer
um longo caminho, até o envio de Jesus, para que pudesse chegar a
essa identidade cristã.
“Também
nós devemos percorrer, na nossa vida, um longo caminho, para que
essa identidade cristã seja forte a ponto de podermos oferecer um
testemunho. É um caminho que podemos definir como da ambiguidade à
verdadeira identidade”, disse.
Francisco
admitiu a existência do pecado ao longo desse caminho, mas ressaltou
que a força de Deus faz o homem se levantar de um erro e prosseguir
com sua identidade. Aliás, o próprio pecado é parte dessa
identidade.
“Somos
pecadores, mas pecadores com a fé em Jesus Cristo. E não é somente
uma fé de conhecimento, não, mas um dom de Deus que entrou em nós
por meio d’Ele. É Deus quem nos confirma em Cristo. E nos conferiu
a unção, nos imprimiu o sigilo, nos deu a entrada, o penhor do
Espírito nos nossos corações. É Deus quem nos dá este dom da
identidade”, afirmou o Papa.
Tentações
Mas
também a identidade cristã é tentada e corre o risco de se
enfraquecer e acabar se perdendo. Francisco alertou, então, sobre
dois caminhos: o primeiro deles é o risco de diluir o testemunho,
reduzindo o Cristianismo a uma bela ideia.
“E
assim, do Cristo concreto, porque a identidade cristã é concreta –
como o lemos nas bem-aventuranças – passamos a esta religião um
pouco ‘soft’, no ar e no caminho dos gnósticos. Por trás, há o
escândalo. Esta identidade cristã é escandalosa. E a tentação é
negar o escândalo”.
A
cruz é um escândalo, disse o Papa, e por isso mesmo há pessoas que
buscam Deus com “espiritualidades cristãs um pouco etéreas”, os
“gnósticos modernos”. Há também aqueles que sempre necessitam
de novidade na identidade cristã e se esquecem que foram escolhidos,
ungidos.
Outro
caminho para regredir na identidade cristã é a mundanidade. Aos
poucos, disse o Papa, o sal perde o sabor e se começa a ver
comunidades que se dizem cristãs, mas não podem nem sabem dar
testemunho de Jesus Cristo.
“Esta
é uma graça que devemos pedir ao Senhor: que sempre nos dê este
presente, este dom de uma identidade que não busca se adaptar às
coisas até ‘perder o sabor do sal’”.
Fonte:
Canção Nova
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