Francisco
alerta os fiéis sobre o perigo da mundanidade, que incapacita o
homem de olhar para as necessidades do próximo
Da
Redação, com Rádio Vaticano
A
mundanidade escurece a alma, tornando o homem incapaz de ver os
pobres que vivem próximos a si com todas as suas chagas. Essa foi,
em síntese, a homilia do Papa Francisco na Missa celebrada nesta
quinta-feira, 5, na Casa Santa Marta.
A
homilia foi inspirada na parábola do rico onipolento.
O Papa observou que não se tratava de um homem mau, talvez fosse um
homem religioso, a seu modo. Rezava, ia ao templo, oferecia
sacrifícios e ofertas aos sacerdotes, que lhe davam um lugar de
honra para se sentar. Mas não percebia que à sua porta havia um
pobre mendicante, Lázaro, faminto, cheio de chagas. Francisco
explicou a situação do homem rico:
“Quando
saía de casa, talvez o carro com o qual saía tinha os vidros
escuros para não ver o lado de fora… talvez, mas não sei… Mas
certamente, sim, a sua alma, os olhos da sua alma estavam ofuscados
para não ver. Somente via dentro de sua vida, e não percebia o que
tinha acontecido a este homem, que não era mau: estava doente.
Doente de mundanidade. E a mundanidade transforma as almas, faz
perder a consciência da realidade: vivem num mundo artificial, feito
por eles… A mundanidade anestesia a alma. E por isso, este homem
mundano não era capaz de ver a realidade”.
A
realidade, segundo o Papa, é a de tantos pobres que levam uma vida
difícil, mas se a pessoa tem um coração mundano não consegue
entender as necessidades dos outros. “Com o coração mundano
pode-se frequentar a igreja, pode-se rezar, fazer tantas coisas. Mas
Jesus, na Última Ceia, na oração ao Pai, o que pediu? ‘Mas, por
favor, Pai, proteja esses discípulos para que não caiam no mundo,
não caiam na mundaneidade.’ É um pecado sutil, é mais que um
pecado: foi um pecador da alma”.
Francisco
salientou que, nestas duas histórias, há duas máximas: uma
maldição para o homem que confia no mundo e uma benção para quem
confia no Senhor. O homem rico afasta seu coração de Deus: sua alma
é deserta, uma terra salobra em que ninguém reside porque os
mundanos, na verdade, estão sós com o seu egoísmo.
Além
disso – acrescentou o Papa – enquanto o pobre tem um nome,
Lázaro, o rico, não o tem: “não tinha nome, porque os mundanos
perdem o nome. São somente um, na multidão de ricos que não
precisam de nada”.
Referindo-se
ao pedido do homem rico que, já nos tormentos do inferno, pediu o
envio de alguém para advertir seus familiares ainda vivos, o Papa
fez uma ressalva: os mundanos querem manifestações extraordinárias,
mas na Igreja tudo é claro, Jesus falou claramente: aquele é o
caminho. E no fim, uma palavra de consolo:
“Quando
aquele pobre homem mundano, nos tormentos, pede que seja enviado
Lázaro com um pouco de água para ajudá-lo, como responde Abraão?
Abraão é a figura de Deus, o Pai. Como responde? ‘Filho,
lembre-se… Os mundanos perderam o nome. E nós também, se tivermos
o coração mundano, perderemos o nome! Mas não somos órfãos. Até
o fim, até o último momento, existe a segurança que temos um Pai
que nos espera. Entreguemo-nos a Ele. Ele nos diz ‘Filho’, em
meio àquela mundanidade. Não somos órfãos”.
FONTE:
CANÇÃO NOVA
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