Sacerdote
comenta tema da CF 2015; em Goiás, Casa de Acolhimento administrada
por religiosas oferece ajuda a portadores de HIV
Leonardo
Souza
Do Rio de Janeiro
Do Rio de Janeiro
Pudim,
louvor e momentos de oração. Foi assim o início da Quaresma para
os internos da Casa Bethânia, em Anápolis, cidade localizada a
cerca de 60km de Goiânia, capital de Goiás. A Casa
acolhe portadores de HIV em estágio terminal.
A
ação foi promovida pelo Grupo de Partilha de Profissionais da
Renovação Carismática Católica que, pelo menos uma vez ao mês,
visita a instituição.
“Como
na Quaresma a maioria de nós faz penitência de alguma comida,
especialmente doces e sobremesas, decidimos fazer uma noite da
sobremesa, ou seja, aquilo que abdicamos nesse tempo, doamos para os
irmãos internos, que não podem saborear os doces com a facilidade
que nós temos”, afirma a jornalista Maria Amélia Saad.
O
pequeno gesto do grupo pode ser entendido como uma resposta à
mensagem que a Igreja no Brasil enfatiza nesse tempo de Quaresma, com
o lema da Campanha da Fraternidade: “Eu vim para servir”.
Trata-se de um estímulo para acolher e servir as pessoas mais
necessitadas.
Para
o Vigário Episcopal para a Caridade Social da Arquidiocese do Rio,
padre Manuel Manangão, relação entre Igreja e sociedade deve ser
pautada pelo respeito / Foto: Arquidiocese do Rio de Janeiro
Além
de apoio para ações de caridade, a Campanha traz ainda outro
convite: a partir do tema “Igreja e sociedade”, aprimorar o
diálogo com diversos setores da sociedade para discutir problemas
atuais. “Desenvolvemos parcerias de trabalho com organismos
públicos e sociais, promovendo encontros e momentos de partilha para
a formação de pessoas que possam contribuir em conselhos de
direito, partidos, sindicatos etc.”, revela o padre Manuel
Manangão, Vigário Episcopal para a Caridade Social da Arquidiocese
do Rio de Janeiro.
Ao
propor o diálogo e a colaboração entre Igreja e Sociedade, a
Campanha da Fraternidade desse ano recorda o Concílio Ecumênico
Vaticano II. É uma oportunidade para retomar ensinamentos que levam
a Igreja a ser atuante e misericordiosa. “Qual é o papel da igreja
hoje dentro da sociedade? É claro que é uma instituição
religiosa, tem um especifico que é próprio dela, mas ela não pode
estar alheia a tudo aquilo que tem a ver com a realidade do ser
humano”, afirma o padre Manangão.
De
acordo com o sacerdote, apesar da importância do Concílio Vaticano
II no avanço da cooperação entre Igreja e sociedade, a relação é
mais antiga. “Desde o fim do século XIX, com o surgimento da
encíclica Rerum Novarum, a Igreja reconhece, por meio do magistério
do Papa Leão XIII, a necessidade de estar em um processo de diálogo
com as instituições e organizações que fazem parte da sociedade.
Isso por que a Igreja tem algo a contribuir, que é próprio da sua
fé, do seu jeito de ver as coisas e pensar, mas que também faz
parte do conjunto da vida humana”, afirma.
Mencionando
o contexto brasileiro, padre Manuel lembrou que várias Campanhas da
Fraternidade já lidaram diretamente com a realidade das ações
sociais. Reflexões sobre meio ambiente, sobre o mundo do trabalho,
política, saúde, educação, todos eles elementos que fazem parte
da sociedade.
O
vigário destaca, por fim, que essa relação deve ser pautada pelo
respeito. “O que se pede é que nessa relação da Igreja com a
sociedade, do lado da Igreja ela seja respeitada como uma entidade
que tem algo a dizer, e do outro lado, evidentemente a gente também
tem que entender, a Igreja tem que entender que ela está em um
contexto plural onde o que vai prevalecer é a dinâmica do diálogo,
do acolhimento, do ouvir”.
Casa
de acolhimento
Ação
especial deu inicio à Quaresma de internos da Casa Bethânia, em
Anápolis-GO / Foto: Divulgação – Maria Amélia Saad
Um
dos “braços” da Igreja na vida social são suas ações de cunho
assistencial. Em Anápolis, capital goiana, a Casa Bethânia é um
dos exemplos. Dirigida por irmãs franciscanas da Ordem da Divina
Misericórdia, a Casa acolhe, há mais de dez anos, portadores de HIV
em estágio terminal. Atualmente, são 25 moradores, que contam com
serviços diversos oferecidos por uma equipe de enfermeiros e
cuidadores.
“São
pessoas de todo o canto do país, que geralmente vêm da rua,
abandonados pela família e chegam até nós através de assistentes
sociais. Aqui damos toda assistência, levamos ao médico, damos
medicação, cuidamos dos primeiros socorros”, conta a responsável,
irmã Sandra Regina Ferreira.
Além
da saúde, outra grande preocupação é com a espiritualidade dos
internos. “Eles participam da Santa Missa, rezam o terço da
misericórdia e o terço mariano todos os dias”.
Já
a ressocialização é garantida com a visita de voluntários: toda
semana a casa abre as portas para pessoas interessadas em momentos de
convivência com os internos. “A presença dos voluntários é
muito benéfica para os internos. Eles se sentem respeitados, amados
e a autoestima é levantada”, garante a irmã.
Fonte:
Canção Nova
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