Para a CNBB, microcefalia não justifica a defesa do aborto como sugere alguns grupos da sociedade
André
Cunha, da redação
Em
coletiva de imprensa nesta quinta-feira, 4, a diretoria da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, divulgou uma nota onde
convoca a Igreja no país a se empenhar no combate ao Aedes Aegypti,
mosquito transmissor dos vírus Zika, Chikungunya e Dengue.
Citando
a declaração da Organização Mundial da Saúde sobre a gravidade
do situação, a nota diz que o alerta não deve levar ao pânico,
como se a situação fosse “invencível”, apesar de sua “extrema
gravidade”.
Um
destaque especial foi dado à questão do aborto que voltou às
discussões quando alguns grupos reclamaram ao Supremo Tribunal
Federal o “direito” de abortar em casos de microcefalia. Para a
CNBB, isso não justifica defender o aborto, mas trata-se de um
“total desrespeito à vida”.
A
instituição pediu que seja garantida, “com urgência”, a
assistência aos atingidos pelas enfermidades, sobretudo às crianças
que nascem com microcefalia e suas famílias. “A saúde, dom e
direito de todos, deve ser assegurada, em primeiro lugar, pelos
gestores públicos. A eles cabe implementar políticas que apontem
para um sistema de saúde pública com qualidade e universal”.
A
CNBB também pediu o comprometimento dos cidadãos. Sugeriu que as
comunidades paroquias se sensibilizem e se mobilizem para combater o
mosquito transmissor, alertando os fiéis durante as Missas,
encontros de pastorais e em outras ocasiões oportunas.
“Exortamos
as lideranças de nossas comunidades eclesiais a organizarem ações
e a se somarem às iniciativas que visem colocar fim a esta situação.
As ações de competência do poder público sejam exigidas e
acompanhadas”, diz a a nota.
O
presidente da CNBB, Dom Sérgio da Rocha, disse que este será também
um dos assuntos da conversa com a presidente Dilma Rousseff, numa
reunião vindoura. O bispo disse que insistirá na necessidade de dar
assistência às pessoas que foram infectadas pelo Zika. A nota
citada também será entregue ao Governo Federal.
Leia
a mensagem na íntegra
MENSAGEM
DA CNBB SOBRE O COMBATE AO AEDES AEGYPTI
“Tu
me restauraste a saúde e me deixaste viver” (Is 38,16b)
O
Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP), da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil – CNBB, reunido em Brasília-DF, nos dias 3 e 4 de
fevereiro de 2016, conclama toda a Igreja no Brasil a continuar e
intensificar a mobilização no combate ao mosquito aedes aegyti,
transmissor da dengue, do vírus zika e do chikungunya. Com um grande
mutirão, que envolva todos os setores da sociedade, seremos capazes
de vencer estas doenças que atingem, sem distinção, toda a
população brasileira.
Merece
atenção especial o vírus zika por sua provável ligação com a
microcefalia, embora isso não tenha sido provado cientificamente. A
gravidade da situação levou a Organização Mundial da Saúde a
declarar a microcefalia e o vírus zika emergência internacional. O
estado de alerta, contudo, não deve nos levar ao pânico, como se
estivéssemos diante de uma situação invencível, apesar de sua
extrema gravidade. Tampouco justifica defender o aborto para os casos
de microcefalia como, lamentavelmente, propõem determinados grupos
que se organizam para levar a questão ao Supremo Tribunal Federal
num total desrespeito ao dom da vida.
Seja
garantida, com urgência, a assistência aos atingidos por estas
enfermidades, sobretudo às crianças que nascem com microcefalia e
suas famílias. A saúde, dom e direito de todos, deve ser
assegurada, em primeiro lugar, pelos gestores públicos. A eles cabe
implementar políticas que apontem para um sistema de saúde pública
com qualidade e universal. Nesse sentido, a Campanha da Fraternidade
Ecumênica deste ano contribui muito ao trazer à tona a vergonhosa
realidade do saneamento básico no Brasil. Sem uma eficaz política
nacional de saneamento básico, fica comprometido todo esforço de
combate ao aedes aegypti.
O
compromisso de cada cidadão também é indispensável na tarefa de
erradicar este mal que desafia nossas instituições. O princípio de
tudo é a educação e a corresponsabilidade. Por isso, exortamos as
lideranças de nossas comunidades eclesiais a organizarem ações e a
se somarem às iniciativas que visem colocar fim a esta situação.
As ações de competência do poder público sejam exigidas e
acompanhadas. Nas celebrações, reuniões e encontros, sejam dadas
orientações claras e objetivas que ajudem as pessoas a tomarem
consciência da gravidade da situação e da melhor forma de combater
as doenças e seu transmissor. Com o esforço de todos, a vitória
não nos faltará.
Deus,
em sua infinita misericórdia, faça a saúde se difundir sobre a
terra (cf. Eclo 38,8). Nossa Senhora Aparecida, mãe e padroeira do
Brasil, ajude-nos em nosso evangélico compromisso de promoção e
defesa da vida.
Brasília,
4 de fevereiro de 2016
Dom
Sergio da RochaArcebispo de Brasília-DFPresidente da CNBB
Dom
Murilo S. R. KriegerArcebispo de São Salvador da Bahia-
BAVice-presidente da CNBB
Dom
Leonardo Ulrich SteinerBispo Auxiliar de Brasília-DFSecretário
Geral da CNBB
FONTE:
CANÇÃO NOVA
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