Francisco destacou que, para ser verdadeiro, Jubileu deve chegar ao bolso
Da
redação, com Rádio Vaticano
Nesta
Quarta-feira de Cinzas, 10, o Papa Francisco se reuniu com os fiéis
para a Audiência Geral.
Cerca de 15
mil peregrinos estiveram na Praça S. Pedro, aos quais o Pontífice
saudou a bordo de seu papamóvel antes da catequese. A eles,
Francisco se dirigiu desejando um bom caminho quaresmal e refletiu
sobre a instituição do Jubileu, que se encontra nas Sagradas
Escrituras.
Origem do jubileu
A instituição
do Jubileu acontecia de 50 em 50 anos como um momento culminante da
vida religiosa e social do povo de Israel, explicou o Pontífice.
Se uma pessoa
tivesse sido obrigada a vender a sua terra ou a sua casa, no Jubileu
recuperava a posse delas, e se alguém contraía dívidas que não
pôde saldar e foi reduzido à escravidão, pondo-se ao serviço do
credor, no Jubileu podia voltar livre para a sua família e reaver
todas as suas propriedades. Era uma espécie de “perdão geral”,
que permitia a cada pessoa voltar à sua situação original.
Quem
empobrecia voltava a ter o necessário para viver e quem enriquecia
restituía ao pobre o que lhe apanhou. O objetivo era criar uma
sociedade baseada na igualdade e na solidariedade, onde a
liberdade, a terra e o dinheiro voltassem a ser um bem para todos e
não só para alguns, “como acontece agora”, ponderou Francisco.
Jubileu deve chegar ao bolso
“As
cifras não são exatas, mas 80% das riquezas da humanidade estão
nas mãos de menos de 20% das pessoas. É um jubileu – e isso o
digo recordando nossa história de salvação – para converter-se
para que o nosso coração se torne maior, mais generoso, mais filho
de Deus, com mais amor. Mas lhes digo uma coisa: se o jubileu não
chegar até ao bolso, não é um verdadeiro jubileu, entenderam? E
isso está na Bíblia, não é este Papa que inventa: está na
Bíblia.”
Francisco
explicou ainda a lei concernente às primícias, isto é, quando a
parte mais preciosa da colheita era compartilhada. Traduzindo para a
época atual, disse Francisco, também hoje é importante
compartilhar com quem não tem o resultado do trabalho, do salário,
de tantas coisas que se possui e depois se desperdiça.
“Isso
acontece também hoje! Na esmolaria apostolica chegam tantas cartas
com um pouco de dinheiro, escrito: “esta é uma parte do meu
salário para ajudar os outros”. E isso é belo; ajudar os outros,
as instituições de beneficência, os hospitais, as casas de
repouso; dar também aos forasteiros, aos estrangeiros e aos que
estão de passagem. Jesus esteve de passagem no Egito.
Agiotagem é pecado grave
E pensando
justamente nisso, a Sagrada Escritura exorta com insistência a
responder generosamente aos pedidos de empréstimo, sem fazer
cálculos mesquinhos e sem pretender juros impossíveis.”
Este
ensinamento, disse o Papa, é sempre atual:
“Quantas
famílias estão na rua, vítimas da agiotagem! Por favor, rezemos
para que neste jubileu o Senhor tire do coração de todos essa nossa
vontade de ter sempre mais que a agiotagem provoca. Que se volte a
ser generoso, grande.”
No desespero,
afirmou Francisco, muitas pessoas acabam cometendo suicídio, porque
não encontram uma mão estendida, somente a mão da cobrança. “A
agiotagem é um pecado grave. O Senhor, recordou ele, recompensa em
dobro, não em dinheiro, mas em tantas outras coisas.”
O Jubileu
tinha por função ajudar o povo a viver uma fraternidade concreta,
feita de mútua ajuda. Podemos dizer que o jubileu bíblico era um
“jubileu de misericórdia”.
A mensagem
bíblica é muito clara, concluiu o Papa: abrir-se com coragem à
partilha entre compatriotas, entre famílias, entre povos, entre
continentes. “Contribuir para realizar uma terra sem pobres quer
dizer construir sociedades sem discriminações, assentes na
solidariedade que leva a partilhar aquilo que se possui numa divisão
dos recursos fundada na fraternidade e na justiça.”
Orações para a viagem ao México
Após a
catequese, ao saudar os grupos presentes, Francisco recordou que nos
próximos dias visitará o México. O Papa pediu aos fiéis que
acompanhem com a oração esta sua peregrinação e o encontro com o
Patriarca Kirill em Cuba.
Dia Mundial do Enfermo
O Papa
lembrou ainda o 24º Dia Mundial do Enfermo, cujo ápice será em
Nazaré. Citando sua mensagem para a ocasião, Francisco destacou que
na solicitude de Maria se espelha a ternura de Deus e a imensa
bondade de Jesus Misericordioso.
“Convido
a rezar pelos doentes e a fazer com que sintam o nosso amor. A mesma
ternura de Maria esteja presente na vida de tantas pessoas que se
encontram ao lado dos doentes, sabendo colher suas necessidades,
também aquelas mais imperceptíveis, porque foram vistos com olhos
repletos de amor.”
Fonte:
Canção Nova
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