No último dia de viagem ao México, Papa visitou penitenciária de Ciudad Juárez e destacou necessidade de trabalhar a reinserção social devidamente
Jéssica
Marçal
Da Redação
Da Redação
Um
momento para levar a esperança e a misericórdia de Deus a quem
passa a vida atrás das grades de um presídio. Assim foi o encontro
tão desejado pelo Papa Francisco com os presidiários de Ciudad
Juárez nesta quarta-feira, 17. O Santo Padre visitou o centro
penitenciário da cidade, um de seus últimos compromissos no México.
Francisco
foi recepcionado com o discurso da detenta Evelia Quintana. “Nem
tudo acabou aqui, é só uma pausa em nossas vidas (…) Trabalhemos
para que nossos filhos e filhas, não repitam a mesma história”,
disse.
O
Santo Padre afirmou que não queria ir embora do México sem se
encontrar com os presos e poder com eles celebrar o Jubileu da
Misericórdia, lembrando que não há lugar onde a misericórdia de
Deus não possa chegar.
“A
misericórdia divina lembra-nos que as prisões são um sintoma de
como estamos na sociedade; em muitos casos são um sintoma de
silêncios e omissões provocadas pela cultura do descarte. São
sintoma duma cultura que deixou de apostar na vida, duma sociedade
que foi abandonando os seus filhos”, disse o Papa.
A reabilitação
O
Santo Padre afirmou que essa mesma misericórdia recorda que a
reabilitação não começa dentro dos presídios, mas nas ruas das
cidades, quando se cria a chamada “saúde social”. Trata-se de um
sistema que previne os caminhos que acabam por ferir e deteriorar o
tecido social.
“Às
vezes parece que as prisões se proponham mais colocar as pessoas em
condição de continuar a cometer delitos do que promover processos
de reabilitação que permitam enfrentar os problemas sociais,
psicológicos e familiares que levaram uma pessoa a determinada
atitude”.
Segundo
o Papa, o problema da segurança não se resolve apenas prendendo as
pessoas, mas requer o enfrentamento do que causa essas situações. A
reinserção social, segundo o Papa, começa com a frequência à
escola, com o emprego digno para as famílias, com espaços públicos
para recreação e acesso aos serviços básicos.
O Jubileu da Misericórdia
Francisco
explicou para os detentos que celebrar o Jubileu da Misericórdia é
aprender a não ser prisioneiro do passado, mas abrir-se para o
futuro e acreditar que as coisas podem tomar outro rumo. “Celebrar
o Jubileu da Misericórdia convosco é convidar-vos a levantar a
cabeça e empenhar-vos para obter o tão ansiado espaço de
liberdade”.
Não
se pode voltar atrás no que foi feito, reconheceu o Papa, mas isso
não significa que não há uma nova página a ser escrita. E por
isso mesmo Francisco quis ir ao presídio levar aos presos essa
misericórdia de Deus.
“Vocês
conheceram a força do sofrimento e do pecado; não esqueçam, porém,
que tendes ao vosso alcance também a força da ressurreição, a
força da misericórdia divina que faz novas todas as coisas. (…)
Quem sofreu o máximo da amargura a ponto de poder afirmar que
‘experimentou o inferno’, pode tornar-se um profeta na sociedade.
Trabalhai para que esta sociedade que usa e joga fora não continue a
fazer mais vítimas”.
Não
faltou no discurso de Francisco uma palavra de agradecimento àqueles
que trabalham na penitenciária ou que realizam algum tipo de
assistência no local, bem como aos capelães, consagrados e leigos
que levam a misericórdia de Deus ao presídio. “Todos vocês podem
ser sinal das entranhas de misericórdia do Pai. Precisamos uns dos
outros para continuar em frente”, concluiu.
Próximos
compromissos
Após
o encontro com os detentos, Papa Francisco segue ao encontro dos
trabalhadores de Ciudad Juárez. Ainda hoje, antes de se despedir do
México, ele celebra a Santa Missa nessa que já foi considerada a
cidade mais perigosa do mundo.
Depois
da cerimônia de despedida, Francisco retorna ao Vaticano.
Fonte:
Canção Nova
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