Desde
1965, aos 21 dias do mês de abril, celebra-se no Brasil o Dia
de Tiradentes e,
junto à pessoa deste, rememoram-se também os acontecimentos que
configuraram a Inconfidência
Mineira.
Neste texto, procuraremos explicitar os motivos pelos quais
Tiradentes passou a ser considerado um herói nacional e Patrono da
Nação Brasileira.
Sabe-se que
“Tiradentes” era o apelido de Joaquim José da Silva
Xavier, um alferes (cargo militar da época colonial) que
também exerceu a profissão de dentista. Tiradentes participou
ativamente de um dos principais movimentos de contestação do poder
que a coroa portuguesa exercia sobre o Brasil Colônia:
aInconfidência Mineira. Sabemos que esse movimento
articulou-se entre os anos de 1788 e 1789 e foi permeado por ideias
provindas do Iluminismo que se alastrou pela Europa, na segunda
metade do século XVIII.
Os inconfidentes
de Minas Gerais geralmente integravam, com exceção de poucos, a
elite cultural e social daquela região (como era o caso do
poeta Tomás Antônio Gonzaga) ou então
ocupavam postos militares ou exerciam profissões liberais, como era
o caso do referido Tiradentes. O que dava unidade ao grupo eram
ideias como a de liberdade e igualdade (ideias essas que também
fomentaram a Revolução Francesa, em 1789), além do anseio pela
emancipação e independência com relação à Coroa Portuguesa, à
época governada pela rainha D. Maria, “A
louca”.
Os planos de
insurgência contra o governo local em Minas, representado
pelo Visconde de Barbacena, foram articulados
em 1788 e tiveram como estopim a política de cobrança de impostos
sobre a produção aurífera e sobre os rendimentos que ganhava cada
pessoa que compunha a população de Minas Gerais. Esse último
imposto era conhecido sob o nome de “derrama”. Apesar de terem
uma organização bem elaborada, os inconfidentes acabaram por ser
delatados por Silvério dos Reis, um devedor de
tributos que, com a denúncia, acreditava poder sanar suas dívidas
com a coroa.
Todos os
inconfidentes foram presos. Tiradentes foi apanhado no Rio de
Janeiro. O processo estabelecido contra eles e os subsequentes
julgamentos e sentenças só terminaram em 1792, no dia 18 de abril.
Os principais líderes receberam a pena do banimento, isto é, foram
expulsos do país. Tiradentes, ao contrário, foi enforcado no dia 21
de abril ao som de discursos que louvavam a rainha de Portugal. Seu
corpo foi esquartejado e sua cabeça exibida na praça principal da
cidade de Ouro Preto.
Evidentemente, o
dia da morte de Tiradentes por muito tempo foi compreendido como o
dia em que um rebelde foi morto, como típico exemplo de retaliação
absolutista. Entretanto, após a Independência do Brasil e,
principalmente, após a Proclamação da República (época em que o
Brasil, já desvinculado de Portugal, procurava construir sua
identidade nacional), a imagem de Tiradentes começou a ser
recuperada e louvada como um dos heróis da nação ou como um dos
que primeiramente lutaram (até a morte) pela liberdade.
Um exemplo dessa
imagem foi a instalação, em 1867, do primeiro monumento a
Tiradentes na cidade de Ouro Preto. Outro exemplo, o mais notório,
foi a confecção, por parte do pintor Pedro Américo, do quadro
“Tiradentes Esquartejado” (ver imagem no topo do texto) em 1893,
época em que a República, recém-instituída, procurava os mártires
e os patronos da “Nação Brasileira”. O Tiradentes de Pedro
Américo traduz a imagem idealizada do martírio, que se aproxima do
martírio de Cristo.
Essa visão
republicana de Tiradentes permaneceu (e, de certo modo, ainda
permanece) no imaginário popular dos brasileiros. Em 1965, durante a
primeira fase do regime militar no Brasil, o marechal CasteloBranco,
então presidente da República, contribuiu para o reforço dessa
imagem de Tiradentes, sancionando a Lei Nº 4. 897,
de 9 de dezembro, que instituía o dia 21 de abril como feriado
nacional e Tiradentes como, oficialmente, Patrono da Nação
Brasileira.
Fonte:
Brasil Escola
Nenhum comentário:
Postar um comentário