Cristãos são o grupo religioso que apresenta o número mais elevado de vítimas da perseguição religiosa
Da
redação, com Rádio Vaticano
A
comunidade internacional deve “reafirmar o direito à liberdade
religiosa e condenar todo tipo de discriminação e tolerância por
motivos religiosos em todos os cantos da terra”. Esse foi o apelo
lançado esta segunda-feira, 14, pelo secretário vaticano das
Relações com os Estados, Dom Paul Richard Gallagher.
O
pedido foi feito em um encontro de formação missionária,
organizado pelo Centro Diocesano de Roma para a Cooperação
Missionária entre as Igrejas, sob o tema “A nossa Igreja é Igreja
dos mártires”.
Em
seu discurso, o bispo expressou preocupação pelo atual contexto em
que se registra um aumento exponencial de casos de intolerância,
discriminação, extremismo, fundamentalismo, riscos para as
liberdades individuais, sobretudo no que tange à liberdade religiosa
e de expressão, aos quais se acrescentam “os ataques e as ameaças
contínuas do terrorismo de diferentes origens”.
Segundo
ele, trata-se de desafios que requerem uma ação enérgica e
ajustada entre os Estados para salvaguardar os direitos humanos, todo
o sistema democrático de cada país e a segurança internacional.
Leis sobre blasfêmia e tráfico ilícito de armas causam fundamentalismo
Em
seguida, o arcebispo deteve-se sobre os fatores subjacentes do
extremismo e fundamentalismo religiosos, como, por exemplo, a
promulgação de leis sobre a blasfêmia, “fácil pretexto” para
perseguir quem professa um credo diferente do da maioria; os regimes
autoritários ou totalitários que limitam a liberdade religiosa; a
“chaga do tráfico ilícito de armamentos, a produção e a venda
de armas por parte de sujeitos de direito internacional” que
prolongam os conflitos.
O
prelado apontou, ainda, a “contínua desestabilização do Oriente
Médio” que “agravou as violências” contra as minorias
religiosas, inclusive cristãs, obrigadas “a abandonar suas casas
para fugir dos horrores da guerra e das perseguições”.
Assegurar direitos plenos e igual dignidade aos cristãos
Trata-se
de “um êxodo forçado”, reiterou Dom Gallagher, recordando que
tal drama atinge também outros países, como a Líbia e a Nigéria,
provocando “uma hemorragia irrefreável”.
Os
cristãos “como cidadãos de iguais dignidade, deveriam ter
asseguradas todas as condições para permanecer em suas terras de
origem ou a elas retornar”, com a garantia do “pleno direito de
participar da vida pública do país”.
E
nem mesmo o Ocidente é poupado, acrescentou o arcebispo, porque
nesta parte do mundo as formas de discriminação muitas vezes se
verificam em nome da chamada defesa dos valores democráticos.
Liberdade religiosa deve ser promovida, não limitada
Em
seguida, recordando que os cristãos são o grupo religioso que
apresenta “o número mais elevado de vítimas”, Dom Gallagher
afirmou, com pesar, que tal questão “não foi tomada em séria
consideração” e que “somente recentemente” a comunidade
internacional começou a refletir e a tomar posição sobre o
assunto.
Por
sua vez, a Santa Sé “sempre defendeu a importância do respeito
pela liberdade religiosa, que deve ser promovida, não limitada”.
Efetivamente,
“baseado nessa liberdade, entendida como direito fundamental, se
pode criar espaços mais amplos de diálogo”, favorecendo “as
condições necessárias para construir sociedades mais inclusivas e
estáveis”, porque “a religião é parte da identidade de um país
e o Estado deve preocupar-se em manter e respeitar essa identidade”,
destacou o secretário vaticano das Relações com os Estados.
FONTE:
CANÇÃO NOVA
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