Se queremos seguir o Mestre, somos chamados a escolher o seu caminho: o caminho do serviço, da doação, do esquecimento de nós próprios
Rádio
Vaticano
Aniquilação
e humilhação: estas duas atitudes de Cristo guiaram a homilia do
Papa Francisco na celebração deste Domingo de Ramos, 20. Milhares
de fiéis participaram da Santa Missa, que foi precedida pela
tradicional procissão com os ramos na Praça São Pedro, decorada
com cerca de 10 mil plantas, abrindo assim as celebrações da Semana
Santa.
Francisco
recordou o entusiamo com o qual Jesus foi acolhido em Jerusalém. Do
mesmo medo, afirmou, Cristo deseja entrar em nossas cidades e nossas
vidas. “Que nada nos impeça de encontrar Nele a fonte da
verdadeira alegria, pois só Jesus nos salva das amarras do pecado,
da morte, do medo e da tristeza.”
Entretanto,
a Liturgia de hoje nos ensina que o Senhor não nos salvou com uma
entrada triunfal nem por meio de milagres prestigiosos. O apóstolo
Paulo, na segunda leitura, resume o caminho da redenção com dois
verbos: “aniquilou-Se” e “humilhou-Se” a Si mesmo.
“Estes
dois verbos nos indicam até que extremo chegou o amor de Deus por
nós. Jesus aniquilou-Se a Si mesmo: renunciou à glória de Filho de
Deus e tornou-Se Filho do homem. E não só… Viveu entre nós numa
condição de servo: não de rei, nem de príncipe, mas de servo.
Para isso, humilhou-Se e o abismo da sua humilhação, que a Semana
Santa nos mostra, parece sem fundo.”
Amor sem fim
O
primeiro gesto deste amor “sem fim” é o lava-pés, explicou
Francisco. “Mostrou-nos, com o exemplo, que temos necessidade de
ser alcançados pelo seu amor, que se inclina sobre nós; não
podemos prescindir dele, não podemos amar sem antes nos deixarmos
amar por Ele e sem aceitar que o verdadeiro amor consiste no serviço
concreto.
Mas
isto é apenas o início, ressaltou o Papa. A humilhação que Jesus
sofre torna-se extrema na Paixão. Ele é abandonado, renegado, sofre
a infâmia e a iníqua condenação. Jesus sente na pela a
indiferença, porque ninguém quer assumir a responsabilidade por seu
destino. A este ponto, Francisco saiu do texto para citar os inúmeros
“marginalizados, prófugos e refugiados” dos quais ninguém quer
asumir a responsabilidade por sua sorte.
Mas
a solidão, a difamação e o sofrimento não são ainda o ponto
culminante do seu despojamento. Para ser solidário conosco em tudo,
na cruz experimenta também o misterioso abandono do Pai. No ápice
da aniquilação, Jesus revela o verdadeiro rosto de Deus, que é
misericórdia. Perdoa aos seus algozes, abre as portas do paraíso ao
ladrão arrependido e toca o coração do centurião. “Se é
abissal o mistério do mal, infinita é a realidade do Amor que o
atravessou.”
Todavia,
acrescentou, o modo de agir de Deus pode nos parecer muito distante.
“Ele renunciou a Si mesmo por nós; e quanto nos custa renunciar a
algo por Ele e pelos outros! Mas, se queremos seguir o Mestre, somos
chamados a escolher o seu caminho: o caminho do serviço, da doação,
do esquecimento de nós próprios.”
Contemplar o Crucificado
Para
o Pontífice, podemos aprender este caminho detendo-nos nestes dias
em contemplação do Crucificado, “cátedra de Deus”, “para
renunciar ao egoísmo, à busca do poder e da fama”. Citando a
Gaudium et Spes, Francisco afirmou que nos esquecemos que “o homem
vale mais por aquilo que é do que por aquilo que tem”.
“Fixemos
o olhar Nele, peçamos a graça de compreender algo da sua
aniquilação por nós e respondamos ao seu amor infinito com um
pouco de amor concreto”, foi a exortação final do Papa Francisco.
Fonte:
Canção Nova
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