Na bênção Urbi et Orbi, o Papa Francisco recordou que com as armas do amor, Deus derrotou o egoísmo e a morte
Da
redação, com Rádio Vaticano
“Cristo
ressuscitado indica, portanto, caminhos de esperança”, diz Papa
em mensagem de Páscoa. Fonte: Instagram @franciscus
Neste
domingo de Páscoa, o Papa Francisco celebrou a Santa Missa na Praça
São Pedro, que estava repleta de fiéis e peregrinos provenientes
das diversas partes do mundo para assistir a esta celebração e
receber a bênção Urbi
et Orbi.
A
mensagem foi dada pelo Pontífice a partir da varanda central da
Basílica de São Pedro, no fim da Celebração Eucarística.
Francisco
iniciou falando aos presentes que Jesus Cristo, encarnação da
misericórdia de Deus, por amor morreu na cruz e por amor
ressuscitou. “Por isso, proclamamos hoje: Jesus é o Senhor! A sua
Ressurreição realizou plenamente a profecia do Salmo: a
misericórdia de Deus é eterna, o seu amor é para sempre, não
morre jamais. Podemos confiar completamente N’Ele, e damos-Lhe
graças porque por nós Ele baixou até ao fundo do abismo”.
Infinita misericórdia
O
Papa prossegue dizendo que diante dos abismos espirituais e morais da
humanidade, diante dos vazios que se abrem nos corações e que
provocam ódio e morte, somente uma infinita misericórdia pode dar a
salvação. “Só Deus pode preencher com o seu amor esses vazios,
esses abismos, e evitar-nos de afundar, permitindo-nos de continuar
caminhando juntos, em direção à Terra da liberdade e da vida.”
“O
anúncio jubiloso da Páscoa: Jesus, o crucificado, não está aqui,
ressuscitou oferece-nos, por conseguinte, a certeza consoladora de
que o abismo da morte foi vencido e, com isso, foram derrotados o
luto, o pranto e a dor.”
Francisco
observa ainda que o Senhor, que sofreu o abandono dos seus
discípulos, o peso de uma condenação injusta e a vergonha de uma
morte infame, hoje faz com que todos compartilhem a sua vida imortal,
e oferece o seu olhar de ternura e compaixão para com os famintos e
sedentos, com os estrangeiros e prisioneiros, com os marginalizados e
descartados, com as vítimas de abuso e violência.
Sofrimento
O
Santo Padre recorda ainda que o nosso mundo está cheio de pessoas
que sofrem no corpo e no espírito, um mundo no qual as crônicas
diárias estão repletas de relatos de crimes brutais, que muitas
vezes acontecem dentro das paredes do “nosso” próprio lar, e de
conflitos armados a grande escala, submetendo populações inteiras a
provas inimagináveis.
“Eis
que Cristo ressuscitado indica, portanto, caminhos de esperança para
a querida Síria, um país devastado por um longo conflito, com o seu
cortejo triste de destruição, morte, de desprezo pelo direito
humanitário e desintegração da convivência civil”, ressaltou.
“Confiamos
no poder do Senhor ressuscitado. As conversações em curso, de modo
que, com a boa vontade e a cooperação de todos, seja possível
colher os frutos da paz e dar início à construção de uma
sociedade fraterna, que respeite a dignidade e os direitos de cada
cidadão”, disse.
Mensagem de vida
O
Pontífice pede ainda que a mensagem de vida proclamada pelo anjo
junto da pedra rolada do sepulcro, vença a dureza dos corações e
promova um encontro fecundo entre povos e culturas nas outras regiões
da bacia do Mediterrâneo e do Oriente Médio, particularmente no
Iraque, Iêmen e na Líbia.
“A
imagem do homem novo, que resplandece no rosto de Cristo, favoreça a
convivência entre israelianos e palestinos na Terra Santa, bem como
a disponibilidade paciente e o esforço diário para trabalhar no
sentido de construir as bases de uma paz justa e duradoura através
de uma negociação direta e sincera. O Senhor da vida acompanhe
também os esforços para alcançar uma solução definitiva para a
guerra na Ucrânia, inspirando e apoiando igualmente as iniciativas
de ajuda humanitária, entre as quais a libertação de pessoas
detidas”, continua Francisco.
Jesus ressuscitou
O
Senhor Jesus, Paz de todos , que ressuscitando derrotou o mal e o
pecado, possa favorecer, nesta festa da Páscoa, a “nossa”
proximidade com as vítimas do terrorismo, forma de violência cega e
brutal que continua a derramar sangue inocente em diversas partes do
mundo, como aconteceu nos ataques recentes na Bélgica, Turquia,
Nigéria, Chade, Camarões e Costa do Marfim.
“Possam
frutificar os fermentos de esperança e as perspectivas de paz na
África. Penso de modo particular ao Burundi, Moçambique, República
Democrática do Congo e o Sudão do Sul, marcados por tensões
políticas e sociais”, acrescentou o Papa.
Egoísmo e a morte foram derrotados
Francisco
recordou que com as armas do amor, Deus derrotou o egoísmo e a
morte. Seu Filho Jesus é a porta aberta da misericórdia de par em
par para todos. Fez votos para que a sua mensagem pascal possa
resplandecer cada vez mais sobre o povo venezuelano nas difíceis
condições em que vive e sobre aqueles que detêm em suas mãos os
destinos do país, para que se possa trabalhar em vista do bem comum,
buscando espaços de diálogo e colaboração entre todos.
“Que
por todos os lados possam ser tomadas medidas para promover a cultura
do encontro, a justiça e o respeito mútuo, únicos elementos
capazes de poder garantir o bem-estar espiritual e material dos
cidadãos.”
“Mas
também, o Cristo ressuscitado, anúncio de vida para toda a
humanidade, ressoa através dos séculos e nos convida não esquecer
dos homens e das mulheres em busca de um futuro melhor, grupos cada
vez mais númerosos de migrantes e refugiados, entre os quais muitas
crianças, que fogem da guerra, da fome, da pobreza e da injustiça
social.”
Francisco
diz que esses irmãos e irmãs, encontram a morte nos seus caminhos
com demasiada frequência, ou a recusa dos que poderiam oferecer-lhes
hospitalidade e ajuda.
O
Papa fez votos para que a próxima Cimeira Mundial, sobre a Ajuda
Humanitária, não deixe de colocar no centro a pessoa humana com a
sua dignidade e possa desenvolver políticas capazes de ajudar e
proteger as vítimas de conflitos e de outras situações de
emergência, especialmente os mais vulneráveis e os que sofrem
perseguição por motivos étnicos e religiosos.
Planeta terra
Neste
dia, o pensamento do Santo Padre se estende também ao sofrimento da
Terra “ainda assim tão abusada mediante uma exploração ávida
pelo lucro, que altera o equilíbrio da natureza causando efeitos das
mudanças climáticas, que muitas vezes causam secas ou violentas
inundações, resultando em crises alimentares em diferentes partes
do planeta”.
O
pensamento de Francisco se estende ainda à todos os “nossos irmãos
e irmãs que são perseguidos por causa da sua fé e pela sua
lealdade a Cristo” para lhes dirigir ainda hoje as palavras de
Cristo: “’Não tenhais medo! Eu venci o mundo.’ Hoje é o dia
radiante desta vitória” disse.
Palavras
de conforto e esperança
Finalmente,
o Santo Padre dirigiu uma palavra de conforto e de esperança para
“todos aqueles que nas sociedades perderam toda a esperança e
alegria de viver, para os idosos oprimidos que na solidão sentem
esvanecer as forças, para os jovens aos quais parece não existir o
futuro”.
A
todos, o Pontífice dirijiu mais uma vez as palavras do Ressuscitado
“Eis que faço novas todas as coisas (…) a quem tiver sede, eu
darei, de graça, da fonte da água vivificante”.
Francisco
conclui pedindo que esta mensagem consoladora de Jesus, possa ajudar
cada um de nós a recomeçar com mais coragem, para assim construir
estradas de reconciliação com Deus e com os irmãos, que hoje há
tanta necessidade.
No
fim, Francisco agradeceu à todos pela presença festosa e a alegria
que souberam trazer neste dia Santo. A todos pediu que continuem a
rezar por Ele.
Fonte:
Canção Nova
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