Falando de misericórdia e correção, Papa frisou que Deus corrige com amor, não quer sacrifícios; a Igreja não precisa de dinheiro sujo, disse como exemplo
Jéssica
Marçal Da
Redação
O
Papa Francisco dedicou a catequese desta quarta-feira, 2, ao tema
“misericórdia e correção”. Ele falou de Deus como o pai que
ama e, justamente por isso, corrige seus filhos quando necessário.
Mas o caminho da misericórdia divina é aquele da correção
afetuosa, que deixa a porta aberta à esperança. Francisco explicou
que Deus não quer sacrifícios rituais, mas sim indica o caminho da
justiça; como diz o profeta Isaías, a Deus não agrada o sangue de
touros e cordeiros, sobretudo se a oferta é feita com as mãos sujas
com o sangue dos irmãos. Nesse ponto, o Papa fez uma crítica a
algumas pessoas que fazem doações à Igreja mas com “dinheiro
sujo”. “Penso em alguns benfeitores da Igreja, com boas ofertas,
mas esta oferta é fruto de tanta gente explorada, maltratada,
escravizada com o trabalho mal pago. Eu digo a estas pessoas: levem
de volta este cheque, queime-o. O povo de Deus, isso é, a Igreja,
não precisa de dinheiro sujo, mas de corações abertos à
misericórdia de Deus”.
O Pai afetuoso que não renega seus filhos
A
reflexão da catequese veio da leitura do livro do profeta Isaías,
em que Deus, como pai afetuoso e atento, dirige-se a Israel
acusando-o de infidelidade e corrupção para levá-lo de volta ao
caminho da justiça. “Deus, mediante o profeta, fala ao povo com a
amargura de um pai desiludido: fez os filhos crescerem e agora eles
se rebelaram contra Ele”. Mas mesmo ferido, Deus deixa o amor falar
e apela à consciência de seus filhos para que se regenerem,
explicou o Papa. Essa é a missão educativa dos pais, fazer os
filhos crescerem na liberdade, responsáveis, capazes de fazer obras
boas para si e para os outros. Mas por causa do pecado, a liberdade
se torna pretensão de autonomia e orgulho, ressaltou Francisco, e
por isso Deus apela à consciência de seu povo. “Deus nunca nos
renega, nós somos o seu povo. O mais maldoso dos homens, a mais
maldosa das mulheres, o mais maldoso dos povos são seus filhos. E
esse é Deus: nunca nos renega! Diz sempre: ‘filho, vem’. E esse
é o amor do nosso Pai; essa misericórdia de Deus. Ter um pai assim
nos dá esperança, confiança”. O Papa enfatizou que onde se
rejeita Deus não há vida possível, mas mesmo esse momento doloroso
acontece em vista da salvação: a provação é dada para que o povo
experimente a amargura de quem abandona Deus. “O sofrimento,
consequência inevitável de uma decisão autodestrutiva, deve fazer
o pecador refletir para abri-lo à conversão e ao perdão (…) Este
é o caminho da misericórdia divina”.
Fonte:
Canção Nova
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