Dom João Bosco Barbosa explica que o Papa quer incentivar orações pelas famílias, tantas vezes feridas por situações da vida
Jéssica
Marçal
Da Redação
Da Redação
Nesse
mês de março, o Papa Francisco coloca em suas intenções de oração
as famílias em dificuldade: “para que recebam os apoios
necessários e as crianças possam crescer em ambientes saudáveis e
serenos”. O vídeo com a intenção do Papa foi divulgado nesta
quinta-feira, 10 (confira ao final da matéria).
A
família é um dos temas que ganha destaque no pontificado de
Francisco, tanto que ele dedicou um Sínodo dos Bispos a esse tema,
com a realização de duas assembleias, uma em 2014 e outra em 2015.
Através de testemunhos, estudos e diálogo, representantes do
episcopado de várias partes do mundo levantaram, na presença do
Santo Padre, as principais problemáticas referentes à família.
O presidente
da Comissão Episcopal Pastoral para Vida e Família da CNBB, Dom
João Bosco Barbosa de Sousa, bispo de Osasco (SP), explica que,
quando se fala em dificuldades familiares, é preciso partir de uma
realidade ampla e observar a grande transformação que a família
vem sofrendo nas últimas décadas.
Quem
é mais velho, por exemplo, sabe que a família antigamente era
diferente do que é hoje e essa transformação é decorrente de
mudanças culturais, econômicas, políticas e até mesmo
comunicacionais. O bispo explica que houve aspectos positivos nessa
mudança, mas, em compensação, ela gerou um déficit de
relacionamento profundo, com mais egoísmo e o crescimento dos
direitos individuais mais do que os direitos comuns. Hoje, em dia, há
famílias feridas, ressalta.
“Isso
chamou a atenção do Papa Francisco e ele fez um grande trajeto de
reflexão, primeiro para que a gente entendesse a importância da
família que estava sendo questionada pela sociedade e está sendo. A
segunda coisa, que a gente entendesse quais são os pontos principais
que ferem a família, isso foi tratado em dois Sínodos da Igreja. E
agora, após esse trajeto de estudo, estamos com a necessidade de
colocar em prática pontos que venham socorrer as famílias das mais
diversas maneiras”.
Para
Dom João Bosco, a intenção do Papa ao colocar esse pedido de
oração nesse mês de março é fazer com que todos rezem pelas
famílias, especialmente aquelas que sofrem. “São problemas
econômicos, de natureza espiritual, de abandono da fé, são
problemas de relacionamento entre os membros da família e da família
com a sociedade em torno (…) Cabe à Igreja sim descobrir maneiras
de socorrer a família sabendo que ela é um dom precioso de Deus”.
Comissão dedicada à Vida e Família
Entre
as doze comissões de evangelização que a CNBB possui, Dom João
diz que a Comissão para a Vida e Família se destaca pela atualidade
do tema e pela necessidade de trabalhar com as famílias. Ele foi
eleito presidente do organismo na Assembleia da CNBB do ano passado e
tem dado continuidade aos trabalhos anteriores.
“O
trabalho é voltado para alimentar com subsídios e materiais de
reflexão a pastoral familiar em todo o Brasil. A comissão alimenta
o trabalho diocesano e paroquial com ideias, subsídios e
celebrações”, explicou o bispo, atentando para três materiais
específicos: a Revista Vida e Família, que vai para todas as
dioceses; a Hora da Família, publicação específica para os grupos
de pastoral familiar, e Hora da Vida, na área da Bioética.
Além
disso, existe em Brasília a secretaria da pastoral familiar que
atende a pastoral familiar do Brasil inteiro. “O que a gente leva
para as famílias é a mensagem de que elas devem ser atendidas nas
paróquias sobretudo em dois aspectos grandes: sacramental, que sejam
preparadas para a vida com Cristo, e no aspecto mais humano, de
atendimento, daquilo que a gente chama de feridas das famílias”.
A exortação pós-sinodal do Papa
Após
o Sínodo ter discutido os desafios que as famílias enfrentam hoje,
a Igreja aguarda o parecer final do Papa Francisco sobre o assunto.
Desde Paulo VI, é costume que o Papa escreva, após o Sínodo, um
documento que se chama “exortação pós-sinodal”, que se torna o
resumo da reflexão feita e dá autoridade para que seja colocada em
prática.
Com
relação ao documento escrito por Francisco sobre esse Sínodo,
ainda não há certeza sobre a publicação. Dom João contou que há
comentários sobre uma possível publicação antes da Páscoa,
talvez em 19 de março, mas nada certo.
Sobre
o conteúdo do documento, o bispo acredita que não haverá mudança
de doutrina, uma vez que o Papa tem sinalizado que a doutrina da
Igreja é clara e está aí para ser seguida. “O que ele pode
trazer pra gente de modo mais claro é como sermos mais acolhedores,
mais atentos, mais próximos das famílias, oferecendo essa riqueza
que a Igreja tem (…) ele vai deixar claro pra gente, do seu ponto
de vista pessoal como líder da Igreja, como representante de Cristo
para nós, o caminho seguro pra gente seguir. É isso que a gente
espera”.
Fonte:
Canção Nova
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